Nicolas Sarkozy e Angela Merkel apresentaram o "pacto de competitividade": um conjunto de medidas (ver coluna ao lado) criado com o objectivo de harmonizar as políticas fiscais e sociais na zona euro. Ao contrário do que vinha sendo normal, Merkel não se apresentou como uma espectadora passiva, mas sim como uma das líderes do processo.
Porquê? Porque estas medidas seguem a cartilha germânica e parecem ser suficientes para permitir que Merkel aceite alterar a estratégia de ajuda aos países periféricos. O pacto de competitividade inclui a indexação da idade da reforma à esperança média de vida (como já acontece em Portugal), o afastamento do paradigma em que a inflação serve como referência para os aumentos salariais, bem como a criação de uma base comum para os impostos sobre as empresas. Na prática, a economia mais exportadora do espaço europeu pretende exportar também o seu modelo de desenvolvimento económico e competitividade. "O que queremos é assegurar a prosperidade e o bem-estar das populações dos nossos países", explicou a chanceler alemã. "Mas temos de aumentar a nossa competitividade e a referência deve ser o estado-membro que exiba as melhores práticas."
Este tipo de sugestões nunca seria possível há dois anos. No entanto, com um ano de crise da dívida nos ombros, os restantes estados-membros estão dispostos a trocar parte da sua soberania pela estabilidade providenciada pelo poder económico germânico. O pacote serve como contrapartida em relação ao reforço do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF), um preço que Berlim não abdica de fazer pagar.
Apesar de este conjunto de medidas - a que se acrescentam mecanismos legais de controlo do défice - afectar principalmente as economias periféricas, o governo português já admitiu concordar com elas. "Necessitamos de maior integração europeia em matéria económica", afirmou José Sócrates, ao "The Wall Street Journal" de sexta-feira.
Artigo muito importante de Nuno Aguiar, no ionline
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