Um dia, no Conselho Científico de uma Universidade, uma colega, mulher experiente e já com muitos anos de profissão, resolveu falar sobre o copianço nos exames. Esteve mais de vinte minutos a lamentar-se que os estudantes copiavam nos exames, que era necessária maior vigilãncia, que a situação não era aceitável, que no estrangeito os estudantes não copiavam, e por aí adiante.
No final, pedi a palavra e disse:
-Se quer que os estudantes portugueses não copiem, como acontece no estrangeiro, então eu proponho que votemos aqui a solução que se adopta no estrangeiro: todo o estudante que fôr apanhado a copiar é expulso da Universidade.
-Ah ... isso não!,
atalhou ela, e foi por ali adiante a discursar acerca da necessidade de reforçar a vigilância (isto é, de fazer dos professores polícias, coisa que não constitui a função deles nem eles foram formados para isso).
Eu cito este episódio frequentemente para ilustrar a minha tese acerca do que é o debate típico sobre um qualquer tema num país de cultura-deolinda. Trata-se de uma lamúria, ou uma série de lamúrias, acerca do estado actual das coisas feitas por pessoas que não têm a mínima intenção de tomar decisões, menos ainda de actuar, com vista a modificar a situação. Pois, caso contrário, como é que elas iam continuar a lamuriar?
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