25 fevereiro 2011

com a barba por fazer


A cultura deolinda, como já deixei antever aqui, é um subproduto típico, levado ao exagero, daquilo que tenho frequentemente designado por cultura católica, em oposição à cultura protestante. Deve-se à importância extraordinária que na cultura católica é atribuída à figura de Maria, como intermediária entre o Pai e o Filho, entre Deus e o homem, uma importância que na cultura protestante é nula.

Uma cultura deolinda produz homens efeminados, e a minha questão aqui é a de discutir se é possível a uma cultura assim viver num regime político de democracia. Utilizo a expressão "homens efeminados" sem qualquer conteúdo sexual e menos ainda pejorativo, antes para designar homens que estando sujeitos a uma influência excessivamente forte e prolongada da mãe, possuem na sua personalidade e no seu carácter traços que são marcada e excessivamente femininos. Refiro-me, por exemplo, à prevalência das emoções sobre a razão, ao carácter protector e conservador, à dispersão intelectual ou falta de focalização, à vaidade pessoal e ao gosto pela aparência, à excessiva propensão para falar e discutir em prejuízo da decisão e da acção, ao gosto pelo pormenor em prejuízo do essencial.

A relação entre a cultura-deolinda e a democracia é importante, não apenas para avaliar se é possível ou não uma democarcia duradoura em países de tradição católica, mas também em países muçulmanos, onde agora estalaram uma série de revoltas populares onde alguns vêem o despontar de regimes democráticos. Ao contrário do que a profusão de homens barbudos que aparecem nas imagens da televisão pode fazer sugerir, a cultura muçulmana é uma cultura muito mais deolinda do que a cultura católica, uma cultura onde a influência das mulheres - e, especialmente, das mães - na formação dos homens é consideravelmente maior. (Existe uma relação directa entre a aparência exterior de uma sociedade, medida pela percentagem de homens barbudos, ou com a barba por fazer, e o seu carácter feminino: quanto mais homens barbudos mais feminina ou deolinda é a sociedade)

A democracia, para ser funcionável, exige a formação de consensos ou, pelo menos, de opiniões maioritárias. E é isto que uma cultura predominantemente feminina nunca consegue atingir. Fechem-se dez mulheres numa sala e dê-se-lhes um tema para discussão. Volte-se lá seis horas depois para saber as conclusões. Não existem conclusões, certamente que não no sentido de consenso ou opinião maioritária. Existem dez opiniões diferentes sobre o tema, cada uma baseando-se num detalhe que deixa à margem o cerne ou o essencial da questão. Seria diferente se a experiência fosse feita com homens.

É esta incapacidade para chegar a consensos, motivada pela excessiva concentração no detalhe, em prejuízo do cerne da questão, que está na base da ideia de liberdade católica, que é uma liberdade essencialmente de carácter feminino. Mas é ela também que inviabiliza, a prazo, o funcionamento da democracia nos países católicos (e muçulmanos). A democracia, exigindo consensos ou opiniões maioritárias, está associada a culturas predominantemente masculinas, como são as diferentes culturas protestantes.

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