No dia em que, soube-se, o Governo finaliza a negociação de um empréstimo sindicado de 3,5 mil milhões de euros, a cinco anos, por uma taxa próxima de 6,5% - superior em cerca de 30 pontos base à taxa negociada, actualmente, em mercado secundário - os juros dos dez anos continuam acima dos 7%. O Estado português que, nas próximas semanas, terá de recorrer em força a novas operações de financiamento está a tentar o tudo por tudo para evitar o recurso directo aos mercados. Assim, a colocação das emissões num conjunto restrito de bancos, que depois os vão colocar nos seus clientes, evita a exposição directa aos mercados, nomeadamente a possibilidade de não existir procura suficiente, porém, aumenta os custos globais de financiamento, na medida em que a solução agora encontrada onera os empréstimos face à taxa praticada em secundário. No fundo, é apenas mais um sinal de que o tão propagandeado bid-to-cover (procura face à oferta) das últimas emissões pode não ter passado de simples fumaça...
A situação é tanto mais séria, pois, na sequência da nega que a Alemanha deu este fim de semana a toda a Europa periférica, vamos continuar à rasca durante mais algum tempo. Enfim, como escreve, e muito bem, o Pedro Sousa Carvalho na sua opinião de hoje no Diário Económico, "Vai ser difícil convencer os nossos credores a comerem um bitoque com ovo a cavalo quando há tanto filet mignon por aí à venda"!
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