27 fevereiro 2011

Birthday gift

Um Intelectual Protestante

O Portugal Contemporâneo acorda todas as manhãs, por volta das sete, com um post do Joaquim. Esta regularidade de relógio suíço deixa antever a cultura protestante do seu autor.

O Joaquim é o típico intelectual protestante em país católico. Ele acredita no poder das ideias, e isso é geralmente sinónimo de um homem que acredita em si próprio. Ele acredita que as ideias podem mudar a vida de um homem e até do mundo. Ora, esta crença é muito ingrata quando a audiência é constituída pela populaça de um país de cultura católica. Para esta, incluindo os seus intelectuais, as ideias pertencem ao mundo do irreal, do imaginário e do entretenimento, e não têm nada a ver com o mundo da realidade.

O Joaquim vence esta dissonância com uma calma e um distanciamento olímpicos. Nunca se deixa envolver pessoalmente na discussão, não tolera que as emoções interfiram com a razão e, quem o observa, imagina-o sempre a sorrir. Ele pisa os mais variados temas no Portugal Contemporâneo, naquilo que parece ser , à maneira protestante, um diálogo directo com Deus, e depois vem transmiti-los à populaça, na esperança de confirmação ou infirmação das suas verdades, que ele não cessa de procurar.

Ele escreve sobre saúde, política, educação, economia, gestão. filosofia, genética, teologia, e sabe-se lá que mais. Ele é um espírito à procura da Verdade. O Joaquim parece escrever de um altar. Escreve com bonomia, com compreensão, e comunica com delicadeza e clareza. Nunca se imagina o Joaquim zangado, mesmo sobre os temas mais polémicos ou sob os comentários mais adversos. Também aqui a sua postura protestante é irrepreensível.

Na realidade, existe só um tema em que o Joaquim deixa fugir o pé para a sua cultura natural, que é católica. Mas sobre esse tema a capa do livro é mais sugestiva do que as palavras que eu pudesse escrever. Puxando pela memória, numa espécie de survey ocasional, eu não consigo recordar uma única leitora do Portugal Contemporâneo que não goste do Joaquim, e várias me têm dito que ele é o melhor de nós todos. E eu não posso concordar mais porque ele é um homem que não agride ninguém, um companheiro extraordinário. Para mim é um prazer partilhar com ele o Portugal Contemporâneo.

P. Arroja
Fev./2011
(Introdução ao livro Notas de um País Submergente, por Joaquim Sá Couto; iniciativa, selecção de textos e organização por Sarah Couto)

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