"Contribuintes, investidores e governantes encaram o futuro da zona euro com apreensão, devido ao grau de endividamento de algumas economias, como a Grécia e a Irlanda. Um sentimento agravado pela ausência de estratégia para sair da crise, apesar de a crise de dívida soberana da América Latina na década de 1980 ser a prova de que existe solução (...) Em 1982, pensava-se que a resposta inicial à crise de dívida na América Latina devia ser o crescimento económico, o qual, eventualmente, permitiria aos países do continente saldar as suas dívida (...) Foram precisos anos para percebermos que a deflação do salário real e o recuo das economias não são compatíveis com a liquidação das dívida. O que parecia, à primeira vista, um problema de liquidez era, na prática, um problema de solvência, como ficou patente na decisão que o Brasil tomou em 1987 ao suspender o pagamento de juros. A resposta acabou por ser o perdão da dívida (...) Países pequenos como a Costa Rica conseguiram uma redução de 47%. No caso dos maiores devedores, a redução foi menor: Uruguai 20% e México 12%.", Edição de hoje do Diário Económico (Económico Mercados, páginas 6 e 7).
Ora, dado que as obrigações do Tesouro portuguesas (a 10 anos) transaccionam, neste momento, a cerca de 80% do par, o mercado está a indicar-nos que, num cenário de perdão de dívida, precisaríamos de uma redução de 20% no valor nominal da dívida pendente. Por seu turno, a Grécia precisa que lhe perdõem mais de 30% e a Irlanda cerca de 25%.
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