O balanço que faço das eleições de ontem é o mesmo que José Sócrates fez no seu rescaldo: os portugueses votaram pela continuidade. Quanto à abstenção, tendo ganho na contagem dos votos, não foi ainda suficientemente poderosa para pôr em causa fosse o que fosse. Quanto aos votos em branco, não foram mais do que um mero erro estatístico.
A vantagem de Cavaco face a Alegre foi esmagadora. E em relação a Fernando Nobre - o único verdadeiro outsider - maior ainda. De resto, como bem nota o João Cândido da Silva no seu editorial de hoje no Jornal de Negócios, o entusiasmo nas hostes de Nobre não deixou de criar alguma estranheza, pois "sem apoios partidários, Alegre fez bastante melhor em 2006".
Por outro lado, é de salientar a votação de Coelho. Sendo certo que, no Continente, o voto no candidato madeirense pode ter sido uma brincadeira - sinal de que os eleitores desconsideram o sistema político vigente -, na Madeira creio que a estória terá sido outra. Na Madeira, o candidato Tiririca ficou a escassos seis mil votos de Cavaco, o que representou, na minha opinião, um sinal claro de que o tempo de Jardim está prestes a terminar. Mas, enfim, coisas da ilha...
Uma última nota para as peripécias em redor do cartão de cidadão. Algumas mentes mais dadas a teorias da conspiração terão visto aqui uma tentativa de fragilizar a eleição de Cavaco, contribuindo para o aumento da abstenção. Pelo contrário, as mentes mais terrenas terão visto aqui uma enorme falta de preparação e ficarão satisfeitas se o ministro da Administração Interna, de trapalhada em trapalhada, fôr finalmente demitido...
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