O presidente executivo do Banco Espírito Santo, o Dr. Ricardo Salgado, defendeu ontem "não recomendar" a vinda do Fundo Monetário Internacional a Portugal, a pretexto de as medidas adoptadas pelo FMI não estimularem o crescimento económico, como se está a comprovar no Grécia e na Irlanda.
De facto, o Dr. Salgado tem razão. E evidencia que, no momento actual e na zona euro, falta ao FMI a ferramenta mais eficaz entre todas aquelas que, em geral, tem ao seu dispôr: a desvalorização cambial, sem a qual não há alternativa à austeridade nominal que, pondo a população na rua, arruína a popularidade (e a estabilidade) de qualquer governo. É isso que está a acontecer na Grécia e na Irlanda e que fará com que aqueles países, mais cedo ou mais tarde, tenham de passar à derradeira solução e a única que resolverá o problema de fundo: a negociação de um perdão de dívida junto dos seus credores.
Assim, a vinda do FMI a Portugal terá apenas uma vantagem: repor a decência na vida e nas contas públicas, se o Governo se revelar incapaz de o fazer.
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