15 dezembro 2010

federalismo?

Portugal vai hoje novamente ao mercado e parece que, desta vez, é MESMO o último leilão do ano. Por 500 milhões de euros a 3 meses vamos pagar qualquer coisa entre os 3,5% e os 4%. Ou seja, o dobro face à última vez que vendemos dívida com aquela maturidade. Contudo, o derradeiro teste de 2010 é amanhã: a Espanha também tem de ir ao mercado, sendo que, o seu sucesso ou insucesso dar-nos-á uma ideia de como decorrerão os leilões previstos para o início de 2011. Mas o panorama não é muito animador...a Moody's acaba de anunciar que o "rating" da Espanha deverá ser revisto em baixa em face das necessidades de recapitalização dos seus bancos, das suas cajas e das suas regiões autónomas (no total, poderá atingir perto de 100 mil milhões de euros). E, em Itália, segundo a imprensa internacional, assistimos, ontem, às mais violentas manifestações dos últimos anos, que acabarão por forçar a demissão de Berlusconi e uma crise política que o euro, provavelmente, não suportará.
Entretanto, começam a soar os alarmes no Banco Central Europeu (BCE). Depois de Jean Claude Trichet ter pedido um aumento de capital do BCE (!) e de ter sugerido que, em alternativa ao banco central, deverá ser o Fundo de Estabilização Financeira (EFSF) da UE a comprar a dívida da Europa periférica (alargando o seu escopo de acção, para já restringido ao resgate de última instância), o presidente do EuroGroup, o senhor Juncker, sugere que a UE emita dívida europeia (os chamados Eurobonds) até 40% do PIB da zona euro e que os países que, ultrapassando a sua quota, necessitem de dívida adicional sejam, então, chamados a pagar o diferencial de juros. Ou seja, por um lado, o BCE, que já conta com uma carteira de 72 mil milhões de dívida periférica, começa a ver riscos de as suas reservas (avaliadas em 5 mil milhões, segundo dados citados pelo DE de hoje) não chegarem quando se registar a inevitável reestruturação de dívida daqueles países. Por outro lado, uma vez esgotado o EFSF em 2013, já todos perceberam que muitos países da zona euro não conseguirão ter crédito a preços decentes. Enfim, as perspectivas não são boas. A única saída parece estar numa solução federal. Os mercados assim o indicam, evidenciado na escalada dos juros da Alemanha (de 2,2% no Verão, já passaram os 3%). Porém, na prática, será possível?

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