Eu estou de acordo com a análise aqui produzida: creio que a situação de Portugal, ao contrário daquilo que diz o Presidente da República, é pior que a da Irlanda. Para além dos motivos já citados (endividamento total é superior em Portugal e não existe, entre nós, o excedente comercial que existe na Irlanda), acrescento outras três razões: 1) o historial português, em matéria de incumprimento de dívida é muito pior que o irlandês, naquele que, os especialistas, qualificam como o factor mais importante para determinar a probabilidade de uma intervenção externa; 2) a República Portuguesa terá de refinanciar e emitir nova dívida, num montante global significativo, logo no início do ano, ao passo que os irlandeses poderão esperar por Junho antes de ter de o fazer e 3) o PIB per capita nacional é muito inferior ao da Irlanda - a desigualdade de rendimentos, por sua vez, é muito maior entre nós -, pelo que, os programas de austeridade necessários para corrigir as contas públicas terão um impacto social muito mais significativo em terras lusitanas do que na terra da Guiness. Em suma, apesar da enorme pressão alemã sobre a Irlanda, creio que existem razões de facto para que seja Portugal a capitular primeiro. Por fim, last but not least, a coesão política na Irlanda, entre políticos e entre a política e os cidadãos, parece ser muito mais intensa lá do que em Portugal. Lá, ao contrário de cá, as pessoas reconhecem aos políticos alguma respeitabilidade, ajudando a mobilizar a população e a economia contra a crise.
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