A imprensa financeira de hoje traz-nos as últimas notícias referentes ao óbito do Banco Privado Português. Assim, escreve o Diário Económico que "o Estado português corre o risco de não conseguir reaver os 450 milhões de euros" com os quais "seis bancos financiaram o BPP no final de 2008, com garantia estatal" cuja contrapartida foram activos "colaterais então avaliados em 670 milhões"!
A propósito deste assunto, na altura, escrevi aqui que os chamados activos colaterais não podiam estar avaliados naquele montante. É simples: se estivessem, se existisse tamanho património dentro do BPP, para quê pedir um empréstimo? Ora, a prova de que não existia tal riqueza é o facto de, agora, o Estado não conseguir accionar os activos colaterais. Ou melhor, pode accioná-los, mas não consegue vendê-los por um preço que cubra minimamente os 450 milhões que lá foi enterrar. A avaliação foi um embuste. E pior, foi um embuste com a conivência de todos. Este episódio encerra uma lição: demonstra os efeitos nefastos que resultam daquilo a que os portugueses gostam de designar como outras considerações. Enfim...
Uma nota final para Teixeira dos Santos: por mais simpatia que tenha por aqueles que foram enganados pela máquina comercial do banco, o Ministro das Finanças tinha razão quando, numa primeira reacção, considerou que o banco não oferecia risco sistémico e que o Estado não se devia intrometer. Infelizmente, Teixeira dos Santos foi forçado a voltar atrás com a palavra. Com os resultados que estão à vista.
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