A situação política em Portugal descambou de vez e isso está a reflectir-se nos juros da dívida pública que hoje transaccionam em novo máximo histórico da era euro. O PS parece agora apostado numa política de terra queimada. Ontem, durante a tarde, Teixeira dos Santos avisou que os impostos têm mesmo de aumentar e manteve-se politicamente incapaz de especificar onde cortará na despesa (se é que o vai fazer). E à noite, Pedro Silva Pereira anunciou que sem Orçamento aprovado o Governo não pode governar. No meio de tudo isto, o PSD já disse não aos impostos, boicotando implicitamente a proposta de Orçamento do PS. E o Presidente da República está de mãos atadas. Infelizmente, para agravar toda esta balbúrdia, as sondagens estão indefinidas e, se agora fossem convocadas eleições antecipadas, o novo Governo seria certamente minoritário e ninguém sabe se seria liderado pelo PS ou pelo PSD. Em suma, o país está metido numa alhada.
Como se sai disto? A solução mais fácil seria o PSD ceder, uma vez mais, ao PS - num compromisso patrocinado pelo Presidente da República -, mas que teria um custo: a liderança de Pedro Passos Coelho que, apesar de alguns erros, tem gerado alguma empatia. É que se aceitar nova subida de impostos, Passos Coelho vai para a fogueira. E isso representaria um triunfo para o PS, pois, mesmo que Cavaco, logo que pudesse, convocasse novas eleições (parte do acordo de compromisso?), o PS voltaria a ganhar em detrimento do estilhaçado PSD, sem com isso se resolver o problema de fundo que é a insustentabilidade financeira do país. Pelo contrário, se o PSD se mantiver intransigente, o Governo irá cair e os eleitores serão chamados a jogo muito brevemente. O problema é que, depois de tantos anos de ilusionismo político, a opinião pública não está sensibilizada nem está disponível para os sacrifícios (leia-se, redução de salários da função pública e do Estado social) que as contas da nossa triste República requerem. Ou seja, nem os partidos têm soluções para os problemas (pelo menos, não as discutem abertamente) nem os portugueses querem ser parte da solução. Assim, infelizmente, começo a acreditar que o poder acabará por cair na rua.
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