As notícias de hoje referentes ao Orçamento de Estado para o próximo ano, dando conta da ruptura do diálogo entre PS e PSD, levaram-me a fazer uma coisa que já não fazia há algum tempo: assistir ao debate parlamentar na Assembleia da República.
Neste momento, discursa o ministro das Finanças, Teixeira dos Santos. Os primeiros minutos da sua intervenção bastaram-me, pois disse tudo aquilo que nos espera. Por um lado, deu a entender, sem margem para qualquer dúvida, que este Governo se prepara para aumentar ainda mais os impostos e em breve, pois o objectivo do défice para este ano é mesmo para cumprir. Por outro lado, encostou o PSD às cordas, pedindo ao partido da oposição que enumerasse as áreas da Despesa Primária (Segurança Social, Educação, Saúde, Salários da Função Pública, etc.) onde este partido cortaria a fim de poupar os milhões de euros que o país tem de poupar e que não conseguirá se apenas cortar as gordurinhas a que Miguel Macedo aludiu na sua intervenção inicial.
Depois, Teixeira dos Santos, lançou-se num discurso técnico, em que, indiscutivelmente, está acima dos demais e para o qual, com alguma altivez, puxou dos seus galões de professor universitário, procurando lançar a confusão quanto à evolução das diversas rubricas da execução orçamental e dos vários subsectores da Administração Pública, neste e nos anteriores Governos! Enfim, o truque surtiu efeito, pois em vez de se discutir o assunto essencial, a execução geral do Orçamento, acabou-se a discutir o efeito que a Estradas de Portugal tem na consolidação das contas do Estado!
Assim, não vamos lá. Mas, em boa verdade, ninguém parece ter interesse - nem Governo, nem PSD - em ir ao centro da questão. Felizmente, há sempre uma excepção que confirma a regra e, graças a Deus, lá apareceu uma senhora chamada Assunção Cristas (do CDS) que recentrou o debate, mostrando que ainda há gente em Portugal que lê os documentos com olhos de ver. Sol de pouca dura. Entretanto, deram voz a um tal de Candal...
Sem comentários:
Enviar um comentário