03 agosto 2010

o libertarianismo é anti-Estado? II

Comentário a este post, recebido por email.

Jefferson era um político, apesar de um dos mais brilhantes (senão "o mais") da sua época, era-lhe inconcebível defender a eliminação pura do estado (precisava dele para se sustentar, e já agora para reprimir revoltas anti-esclavagistas pelos escravos e defensores). Ayn Rand disse muitas vezes que defendia um estado mínimo, e as suas falácias foram muitas vezes refutadas por Rothbard e outros liberais.

Diz o Joaquim que o libertarianismo não é anti-estado, mas eu disse-lhe que um dos sites mais proeminentes do libertarianismo é composto por uma (quase?) totalidade de pessoas que não só tem uma postura anti-estado como defende *explicitamente* a sua eliminação o mais rápido possível. Ora se este facto não lhe toca um sininho ao ouvido...

Hoje em dia, após décadas de debate entre liberais radicais, já muita pedra foi partida e muita discussão ocorreu. E a conclusão que se pode tirar é que os melhores teóricos do liberalismo de hoje são anti-estado (pela sua eliminação, não só como postura, relembro). A maioria dos teóricos minarquistas são académicos (tipo Nozick ou o pessoal do Cato, entre outros) que pouco se prestam ao debate com os anarco-capitalistas porque o seu derradeiro argumento é a defesa (imoral...) do espezinhamento das legitimidades individuais para a garantia (suposta...) da ordem pública através de um monopólio da força e da jurisdição. São académicos e têm receio (esta é a minha tese) do fim do estado pois muito ocorreria no sector do ensino e algumas áreas não teriam a procura que hoje existe, e receiam pelo seu ganha-pão. A outra parte dos minarquistas são simplesmente pessoas do sector privado que gostavam que o seu negócio fosse menos atropelado pelo estado, que defendem menos impostos etc, mas que não se preocupam com os princípios e com a justiça (ou melhor, preocupam-se, mas não levam a preocupação até às suas últimas consequências e domínios).

O Joaquim há tempos divulgou o Ethics of Liberty aqui. Se leu todo o livro, gostaria que, se possível, me apresentasse falhas lógicas/argumentativas que ele contém (sendo que é todo ele contra a existência do estado mínimo).

Finalmente, diz Vc num post acima que um libertário deve ser democrata. Sendo que a democracia é a vontade da maioria, parece simples refutar essa ideia... (aqui, o seu colega Pedro Arroja é 'o' perito em demonstrar a treta da teoria democrática e muito do que ele escreveu poderia ter sido escrito por um Hoppe ou por um Rothbard, já agora)

Cumps
Filipe Abrantes

PS: Muito obrigado pelos comentários. Tentarei aprofundar mais (e melhor...) este assunto que constitui, segundo creio, um debate novo em Portugal. As minhas posições estão muito próximas das da Ayn Rand.

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