12 julho 2010

imobiliário


Nos últimos meses, tenho passado uma boa parte do meu tempo de lazer a pesquisar o mercado imobiliário e a visitar apartamentos. Já aqui escrevi diversas vezes sobre o assunto e, aqueles que me têm lido acerca do tema, sabem qual é a minha opinião: existe em Portugal uma bolha estrutural no mercado imobiliário. A base factual que suporta a minha conclusão está na relação entre os preços dos imóveis e os salários anuais dos agregados familiares no nosso país - muito superior em Portugal comparado com o que se passa noutros países europeus. Contudo, a tese oficial é contrária à minha opinião e ainda hoje me recordo da forma eloquente que ouvi de Vítor Constâncio quando há um ano, numa conferência, rematou o assunto: "no boom then, no bust now!".

Assim, uma das minhas preocupações é encontrar factos que possam confirmar ou infirmar a minha conclusão. A este propósito, ainda no outro dia encontrei um conhecido, que trabalha na avaliação bancária, que colocado perante as minhas reservas sorriu e, de seguida, disparou: "tu és um daqueles a quem nós chamamos de 'powerpoints'". A mensagem era a seguinte: esquece esses rácios exóticos, esquece os números do INE, nada disso conta; o mercado tem de girar, por isso, os preços já corrigiram o que tinham a corrigir e a partir daqui é sempre a subir. Enfim, dei comigo a pensar "pois, pois, os números não contam até ao dia em que...". Despedi-me e regressei ao escritório ainda mais determinado a estudar os números.

Ora, da minha análise aos preços por metro quadrado dos principais concelhos do distrito do Porto - que incidiu sobre um universo composto por centenas de imóveis no Porto, Matosinhos e Gaia -, o meu diagnóstico é o seguinte: há várias freguesias onde, para certas tipologias, o preço por metro quadrado dos usados é superior ao dos novos!! Querem melhor sinal de bolha do que este?!? E agora, caros leitores, para além disso, metam na equação mais alguns elementos como, por exemplo, a redução na concessão de crédito à habitação, o aumento do desemprego e o facto de ser possível construir com qualidade por 700 euros mais IVA...e estão reunidos todos os condimentos para uma natural correcção dos preços. Enfim, eu cá estarei para comprar!

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