Como é óbvio, um suicida é o contrário de um mártir. Um mártir é uma pessoa que ama de tal maneira uma coisa que está fora dele, que se esquece da sua própria vida. Um suicida é uma pessoa que ama tão pouco tudo o que está fora dele, que quer por fim a tudo. O primeiro quer que algo comece; o segundo quer que tudo acabe. Por outras palavras, o mártir é uma pessoa nobre, exactamente porque - por muito que renuncie ao mundo ou que considere a humanidade execrável – confessa a sua ligação definitiva à vida, põe o coração fora de si mesmo: o mártir morre para que algo viva. O suicida é uma pessoa ignóbil, porque não tem esta ligação com o ser: o suicida é um mero destruidor; espiritualmente falando, destrói o universo.
G. K. Chesterton, em Ortodoxia
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