13 maio 2010

democracia falida


As justificações de José Sócrates e de Pedro Passos Coelho, o primeiro dizendo que o mundo mudou nos últimos quinze dias e o segundo pedindo desculpa pelo bloco central, a fim de, em simultâneo, atirarem com os respectivos planos eleitoriais para o caixote do lixo são uma anedota. E representam o pior deste sistema de democracia representativa em que aos representantes é permitido dizer-se e desdizer-se, sem o mínimo pingo de vergonha nem a mínima consequência política, a bem de um alegado interesse superior da Nação. Minha gente, isto não é democracia. É uma outra coisa qualquer...

Curiosamente, quem sai pior nesta fotografia não é José Sócrates, que, bem se vê, está a adoptar políticas contrárias às suas próprias convicções, impostas pela Europa. Quem sai mal nesta fotografia é Pedro Passos Coelho porque, vendendo ao alma ao diabo em matéria de impostos, negociou muito mal os termos da redução do défice. É que numa altura em que toda a Europa reduz os injustificados privilégios da Função Pública não se entende como é que em Portugal não se faz o mesmo - já que em nada somos diferentes. A partir de agora, a palavra do líder do PSD passa a valer tanto quanto a de José Sócrates, ou seja, nada. Uma última nota para o papel de Cavaco Silva: de uma inutilidade atroz e aflitiva.

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