Visto de avião é assim. Mas se você descer lá abaixo...
O país socialista visa tornar as pessoas todas iguais. Este é o país em que a mulher se torna igual ao homem (v.g., na maneira de vestir, na forma de falar, nas profissões que desempenha), e o homem igual à mulher (v.g., nos cuidados pessoais, na partilha das tarefas domésticas). Este é também o país onde ninguém precisa de ninguém (e todos precisam do Estado), onde todos são indiferentes uns aos outros e ninguém tem necessidade de atraír o outro. É difícil imaginar uma relação sexual mais fastidiosa do que entre um homem e uma mulher que são praticamente iguais e largamente indiferentes um ao outro. Este é o país das relações sexuais casuais, e das relações múltiplas. Tanto faz uma relação sexual com uma pessoa como com outra porque, na prática, são todas iguais. Neste país, o sexo constitui uma fonte de prazer na vida sobretudo para os homossexuais, porque aí as relações são entre iguais. O país socialista é o reino dos homossexuais. Os homossexuais acabarão por ganhar um estatuto igual ao dos heterossexuais e exibem-se em público como modelo da sexualidade socialista. O homossexual é o role model da sexualidade masculina no país socialista.
O país liberal está baseado na prossecução do interesse-próprio. Este país valoriza a diferença, porque só na diferença existem oportunidades de negócio. Por isso, este país não valoriza a homossexualidade. O modelo sexual prevalecente é o modelo heterossexual, mas as relações sexuais entre um homem e uma mulher assemelham-se a relações de negócios. A própria relação pessoal que conduz à sexualidade tem frequentemente origem no mundo profissional, entre dois colegas de trabalho ou parceiros de negócios. As relações sexuais são rápidas, superficiais, indo directo ao assunto, e terminam logo que uma das partes perca o interesse, deixando a mulher frequentemente em situação de desvantagem. Existe falta de intimidade nas relações sexuais, tal como nas relações pessoais. As relações sexuais são mecânicas e falhas de intensidade, quase por dever de ofício. A figura do giggolo é talvez aquela que melhor representa o role model da sexualidade masculina no país liberal.
O país católico assenta no amor ao próximo e isso, desde logo, deixa antever a intensidade da sua vida sexual. Este é o país onde cada homem e cada mulher ambiciona dar amor ao outro, como um acto de caridade. A ideia é tornar o outro feliz, mais do que a si próprio. Neste país de sexualidade reprimida, as relações sexuais entre um homem e uma mulher são precedidas de longos períodos de namoro feito de jogos de sedução, de olhares e insinuações, de bilhetes trocados e beijos escondidos. os preliminares da relação sexual são tão importantes como a sua concretização. Quando, finalmente, eles se encontram a sós, as tensões, os desejos, os sentimentos tanto tempo reprimidos, tornam a relação sexual de uma intensidade indescritível. O role model da sexualidade masculina no país de tradição católica é o padre. É no padre que estão reunidos os extremos que, combinados num adequado equilíbrio, maximizam a intensidade da relação sexual. Por um lado, o padre é o profissional do amor ao próximo; por outro, a sua sexualidade é absolutamente reprimida. Não há homem que saiba amar como um padre, porque ele é o profissional do amor. E não há homem também mais carente, mais ardente e mais desejoso de amor físico do que ele. Uma mulher que consiga levar um padre ao pecado, vai ser recompensada. Ele levá-la-à ao céu.
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