A conclusão de que a ideia central pregada pela Igreja é o Equilíbrio, imediatamente me trouxe ao espírito que o Equilíbrio é também a ideia central da Economia moderna (que é uma ciência distintamente protestante), e talvez a ideia fundadora. É a ideia da mão invisível de Adam Smith. Fica, então, por saber qual a diferença entre o equilíbrio católico e o equilíbrio protestante ou dos economistas.
O equilíbrio defendido pela Igreja é o equilíbrio pessoal. Provavelmente uma das conclusões mais surpreendentes de quem lê com olhos laicos o Catecismo da Igreja Católica é a de que é permitido a um homem fazer tudo o que existe na vida, e mesmo quando existe a proibição formal de um comportamento, ela é sempre qualificada, de modo que, sob certas condições, esse comportamento também é tolerado.
É esta liberdade para fazer tudo, de um extremo ao seu oposto, que confere aos povos sujeitos à influência católica uma tendência para o exagero. É também esta liberdade que dá às pessoas criadas num país de tradição católica uma grande variabilidade nos seus traços de personalidade. Não é possível caracterizar, em abstracto, a personalidade do homem criado num país de tradição católica. Encontra-se de tudo, de um extremo ao seu oposto. Não surpreende, porque não teria sido possível à Igreja conhecer o ponto de equilíbrio das pessoas humanas, se não consentisse que elas oscilassem de um extremo ao outro da sua humanidade.
-Posso beber vinho?
-À vontade, mas não beba de mais.
-Posso apanhar uma borracheira?
-Pode, se fôr uma vez sem exemplo, mas não apanhe borracheiras todos os dias.
-Posso mentir?
-Sim, em certas condições (v.g, mentira piedosa) é mero pecado venial, a gente desculpa isso.
O equilíbrio defendido pela Igreja é o equilíbrio pessoal. Provavelmente uma das conclusões mais surpreendentes de quem lê com olhos laicos o Catecismo da Igreja Católica é a de que é permitido a um homem fazer tudo o que existe na vida, e mesmo quando existe a proibição formal de um comportamento, ela é sempre qualificada, de modo que, sob certas condições, esse comportamento também é tolerado.
É esta liberdade para fazer tudo, de um extremo ao seu oposto, que confere aos povos sujeitos à influência católica uma tendência para o exagero. É também esta liberdade que dá às pessoas criadas num país de tradição católica uma grande variabilidade nos seus traços de personalidade. Não é possível caracterizar, em abstracto, a personalidade do homem criado num país de tradição católica. Encontra-se de tudo, de um extremo ao seu oposto. Não surpreende, porque não teria sido possível à Igreja conhecer o ponto de equilíbrio das pessoas humanas, se não consentisse que elas oscilassem de um extremo ao outro da sua humanidade.
-Posso beber vinho?
-À vontade, mas não beba de mais.
-Posso apanhar uma borracheira?
-Pode, se fôr uma vez sem exemplo, mas não apanhe borracheiras todos os dias.
-Posso mentir?
-Sim, em certas condições (v.g, mentira piedosa) é mero pecado venial, a gente desculpa isso.
-Posso assar sardinhas em minha casa?
-Pode, mas veja lá o cheiro ... não aborreça muito o vizinho
-Posso matar?
-Sim, se fôr em legítima defesa.
-Posso fazer uma revolução?
-Claro, sob certas circunstâncias.
-Posso atravessar a rua fora das passadeiras?
-Sim, mas não o faça muitas vezes porque um dia pode-lhe saír mal.
-Posso fumar?
-Claro, mas não abuse.
-Posso roubar?
-Sim, se fôr para comer, é mero pecado venial.
-Posso ser ateu?
-Claro, mas evite ofender os crentes.
-Posso ser religioso?
-Sim, mas não seja um fundamentalista.
-Afinal, o que é que eu não posso fazer neste mundo?
-Nada, nada lhe está vedado. Pode fazer tudo, desde que o faça com conta, peso e medida.
Procurei ilustrar o sentido do equilíbrio católico - é o equilíbrio pessoal. Pelo caminho, ilustrei o sentido da liberdade católica, que é uma liberdade equilibrada: Pode fazer tudo na vida, desde que o faça com conta, peso e medida. Por outras palavras, desde que não abuse (Vários dos comportamentos acima foram, ou são, proibidos em países de influência protestante, ou estão aí sujeitos a sérias restricções).
Como argumentarei no post seguinte, o equilíbrio protestante - que é a ideia de equilíbrio dos economistas -, não se refere ao equilíbrio pessoal, mas sim ao equilíbrio colectivo.
Sem comentários:
Enviar um comentário