O programa "Prós e Contras" da RTP 1 arrisca-se a ser o maior desperdício de recursos da televisão portuguesa. Enfim, eu não sei quanto custa cada produção - mas não há-de ser pouco -, porém, isso seria recompensado se o programa fosse um marco de excelência jornalística, que, infelizmente, não é.
Com os recursos que tem ao seu dispôr, o "Prós e Contras" tinha tudo para ser um magnífico conceito e um espaço de reflexão acerca dos problemas da sociedade portuguesa. Mas não é. Tudo começa na linguagem trapalhona de Fátima Campos Ferreira, que, não obstante a sua boa carreira como apresentadora de telejornal, persiste em não se preparar nos domínios técnicos que um programa daquele (suposto) calibre devia exibir. Depois, o próprio formato do debate. Não é possível debater seja lá o que for com tantos convidados. Se eu estivesse na produção, convidaria, no máximo, quatro pessoas - claramente, identificados no lado dos "Prós" e no lado dos "Contra", em oposição ao "Prós-Prós", "Contras-Contras" ou "Prós Contras-Contras Prós" a que, às vezes, assistimos. Por fim, os convidados e a assistência. Ontem, aquele senhor que foi lá para tentar vender livros acabou por dizer uma coisa com a qual concordo, ou seja, é preciso dar voz aos "sem voz". E isso implica convidar outras pessoas, que não os mesmos protagonistas de sempre. Isso sim, seria um serviço público. Até porque, alguns dos protagonistas do costume - como foi o caso, ontem, de João Proença, cuja prestação foi deplorável - nada têm para acrescentar. E em relação à assistência, para aquele formato ser eficaz, as perguntas já deviam estar ensaiadas previamente e deviam ser objectivas para não se perder o fio à meada. O programa perderia alguma espontaneidade, mas ganharia objectividade e credibilidade.
Em suma, este "Prós e Contras" é um desperdício de recursos. E um péssimo serviço público. Talvez esteja na hora, algures em Lisboa, de olhar mais para o que se faz na RTP-N, que, com muito menos recursos, e por vezes até marginalizada dentro da própria estrutura da RTP, faz bem melhor. E porquê? Porque ali não há tantas borlas nem cadeiras douradas. Enfim, a própria Fátima Campos Ferreira há-de se lembrar disso dos seus tempos no Monte da Virgem...
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