11 março 2010

Criatividade (ix)

Visto de avião é assim. Mas se você descer lá abaixo...

Não é fácil ser criativo num país socialista. A economia é dominada pelo Estado e por grandes empresas públicas. Este é o reino da burocracia, todas as tarefas, todos os produtos, todos os procedimentos estão estandardizados e obedecem a prescrições rígidas. O Estado e as empresas públicas sobrevivem mesmo sem inovar, porque não estão sujeitos à disciplina das perdas. Os empregados comportam-se como funcionários públicos, fazem aquilo que lhes mandam fazer. Ninguém deseja ver perturbada a paz, a segurança, o rame-rame que se vive num departamento do Estado ou numa empresa pública. O homem inovador tem mais probabilidades de ser visto aqui como um perturbador da orrem estabelecida, do que como um herói, e acabar despedido.

No país liberal existe uma grande pressão à inovação. A inovação cria novos produtos, melhora os produtos existentes, inventa novas tecnologias e processos de produção mais baratos, e que dão mais lucros à empresa. Porém, tudo isto se processa dentro de uma grande empresa, às vezes muito grande. O homem inovador tem acima de si vários escalões da hierarquia, que não são necessariamente receptivos às suas ideias visionárias; e, ao seu lado, tem dezenas de colegas que competem com ele para a próxima promoção, e que não serão propriamente adeptos de o ver subir a ele. Finalmente, se o inovador conseguir vingar dentro da organização, e a inovação tiver sucesso comercial, os lucros são da empresa, não do inovador.

Total liberdade criativa possui o empresário do país católico, porque na sua empresa familiar ele é que é o patrão. Não apenas liberdade, mas também o interesse, porque no caso da inovação ter sucesso é ele que beneficia por inteiro. É certo que os recursos da empresa familiar, como o dinheiro, o tempo, etc., ao dispôr do empresário familiar não são grandes. Porém, não é o dinheiro, nem o tempo nem qualquer outro recurso que pode inovar. Só existe um recurso que pode inovar, que é a cabeça do ser humano, e essa o empresário familiar trá-la sempre consigo. A economia de país católico é propensa à criatividade e a uma criatividade realista, que é aquela que visa satisfazer melhor, ou mais barato, as necessidades de pessoas que ele próprio conhece - os seus vizinhos.

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