10 fevereiro 2010

pode ser?

Pode. Rangel tem a virtude de aparentemente vir de fora do establishment e de estar a dizer coisas que as pessoas parecem gostar de ouvir, numa altura em que ninguém da classe política parece estar interessado no que se passa no país e com os portugueses. Foram essas as razões que lhe deram a vitória nas europeias, e que, por exemplo, levaram Aníbal Cavaco Silva à liderança na Figueira da Foz. Em contrapartida, Pedro Passos Coelho, o seu principal rival, tem tido uns últimos meses para esquecer, com erros indesculpáveis. O não menos importante terá sido o de ter tentado assumir uma pose consensual no partido e de homem de estado (a “social-democracia do século XXI” da Dr.ª Teixeira da Cruz foi-lhe fatal), em vez de continuar a protagonizar a linha de ruptura com que se apresentara há dois anos. Esse erro diminui-o e fez Rangel crescer e ocupar o espaço de ruptura que ele deixou vago. Contra isto, de nada lhe valerá insistir na tecla de que mal conhece Paulo Rangel e de que ele tem apenas dois anos de partido. Salvo melhor opinião, isso é exactamente o que as pessoas querem.

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