Muito se tem debatido, em Portugal, o problema da liberdade, ou da falta dela. Todos sabemos que a liberdade é um bem escasso que não pode ser descuidado ou deixado a critério dos outros. A liberdade em Portugal, como em qualquer outro país, ou a falta dela, não se prende somente com a maior ou menor liberdade de expressão. Ela depende da liberdade de criar uma empresa e de a fazer crescer à margem dos favores do estado e do seu pessoal político, da existência de regras claras entre quem detém o poder e quem lhe tem de obedecer, de uma justiça célere e cega que reponha a cada um aquilo que é seu, da possibilidade de trabalhar honradamente sem depender senão do mérito próprio e com os frutos do esforço construir uma vida para si e para os filhos, e, obviamente, de falar sem constrangimentos, nem receio de perder o que se detém legitimamente. Ou seja, a dimensão da nossa liberdade individual e social é inversamente proporcional à “liberdade” com que o estado e o governo põem e dispõem da nossa vida e das nossas existências. Da “liberdade” com que o estado e o governo nos retiram propriedade, nos obrigam a cumprir o que lhes é mais conveniente sem qualquer outra justificação que não seja o sufrágio universal. A falta de liberdade de expressão, a redução da livre imprensa e da livre opinião não costuma preceder este estado de coisas, nem ocorrer numa sociedade que preserva ainda doses generosas de liberdade. Elas são antes o seu ponto final.
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