21 fevereiro 2010

o ovo no dito cujo da dita

Este post do Paulo Morais reflecte um vício de raciocínio político que pode ser fatal ao PSD: «O vencedor das eleições directas no PSD será certamente primeiro-ministro. Seja quem for o vencedor.». Porquê? Quem garante que Sócrates se vá abaixo e abandone o governo, ou que a isso seja obrigado? Esta crise não é pior nem melhor do que as anteriores, como a do FREEPORT, onde as acusações que sobre ele recaiam eram muito mais graves do que as actuais e pelas quais ele atravessou incólome, ao ponto de voltar a ganhar eleições. E quem, por outro lado, garante que Cavaco Silva estará disposto a incomodar-se e a dissolver a Assembleia da República para dar o poder a, por exemplo, Pedro Passos Coelho e a Paulo Portas, uma dupla que certamente integra o conceito académico-político da «má moeda» com que em tempos o actual Presidente da República cilindrou um ex-primeiro-ministro do seu próprio partido? E ainda que tudo corra de feição, quem garante que o PSD será capaz de ganhar as eleições a José Sócrates ou a um outro qualquer candidato indicado pelo PS, eventualmente mais credível que o actual primeiro-ministro? As últimas tentativas do partido laranja, a mais recente já com o PS em queda acentuada, deram no que deram e nada assegura que a próxima não seja igual.

Esta lógica de que o poder lhes cairá no regaço tem feito do PSD um partido pouco ou nada exigente, fechado ao exterior, dominado por gente medíodre de um aparelho que não é melhor nem pior do que o actual do PS (e que, uma vez no poder, não se inibirá de fazer o que estes que por lá estão têm feito), no qual os portugueses não confiam porque o não conseguem distinguir do Partido Socialista. O PSD que não cuide, pois então, de escolher alguém credível e convincente, e verá o que lhe espera o destino.

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