08 fevereiro 2010

desestatizar

Os desenvolvimentos recentes sobre o envolvimento da PT nos projectos políticos do governo em exercício de funções demonstram aquilo que os liberais dizem há muito: que não existe uma racionalidade pública e altruísta nos negócios do estado, mas sim uma simples racionalidade privada, egoísta e clientelar ao serviço dos interesses das pessoas que o dominam. A ideia de que o “interesse público” justifica a manutenção de grandes empresas na esfera da influência do estado é uma pura ficção para enganar papalvos. Esse aparelho empresarial serve, antes de qualquer outra finalidade, para empregar os amigos, as clientelas partidárias e, sobretudo, para manter uma ascendência do poder político sobre o poder civil e o mercado, controlando-os e limitando-os. Ora, os cidadãos pagam a estas empresas para supostamente elas lhes prestarem serviços que, de acordo com os defensores do modelo, o mercado dificilmente conseguiria assegurar. Também isto é obviamente mentira: qualquer empresa privada faria melhor em qualquer uma das ainda muitas empresas e áreas de negócio que o estado domina directa ou indirectamente, quanto mais não fosse por a sua racionalidade ser apenas empresarial e não ter de arcar com os custos políticos do negócio. Além do mais, os cidadãos pagam serviços quase sempre deficientes a custos mais elevados dos que seriam fixados pelo livre jogo das forças do mercado, porque têm de sustentar o pessoal político pendurado nessas empresas e os custos da sua inevitável ineficiência. É então bom que finalmente se entenda que os principais problemas actuais de Portugal e dos portugueses são, de facto, provocados por um estado omnipresente, dominador e controleiro, que está ao serviço de interesses privados e não do interesse público, e não, como se ouve por aí, pela falta de estado. O verdadeiro interesse público só pode ser satisfeito por um estado pequeno e por uma sociedade que cresça livremente sem dele depender para satisfazer as suas necessidades essenciais. Desestatizar Portugal é, pois, condição imprescindível para sermos um país decente.

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