Nos últimos meses, tenho assistido com crescente tristeza aos malabarismos políticos do senhor ministro da Finanças. Teixeira dos Santos é, reconhecidamente, um excelente técnico, daqueles com que todas as administrações públicas deviam contar nos seus quadros. Infelizmente, desde que descobriu o golpe de magia dos célebres 20 mil milhões de euros - naquele (quase) fatídico fim de semana em Setembro de 2008 -, uma manobra que lhe saiu às mil maravilhas, que decidiu enveredar pela via da política profissional. E, independentemente de toda a estima pessoal que o senhor me merece - a sua esposa foi até minha professora na Faculdade -, não posso deixar de lamentar a forma como um excelente economista se tornou num mau político.
Vem isto a propósito da questão do défice e, também, das Finanças Regionais. Em relação ao défice, a gestão mediática que Teixeira dos Santos fez do assunto, retendo, durante meses, informação que devia ser do domínio público, para a divulgar apenas depois das eleições legislativas, cheirou a frete político - coisa inaceitável. E, mais recentemente, afirmando que as medidas da oposição aumentavam a despesa - coisa que, eventualmente, teria de ser combatida com um aumento de impostos - quando, na verdade, aquilo em que as medidas da oposição resultavam era na diminuição da receita. E, por fim, quanto à questão da Madeira, não faz sentido afirmar que "mais dinheiro para Maderia seria dar maus sinais aos mercados financeiros" quando os 80 milhões de euros não representam sequer 0,05% (!) do PIB. Ou seja, quem ouvir (só) isto dirá "que ministro somítico, coitadinho do Alberto João". Ora, sendo Teixeira dos Santos um economista competente, não entendo esta sua postura politiqueira. Bastaria dizer que o arquipélago não tem direito a mais dinheiro porque naquele mesmo arquipélago se vive melhor (ver PIB per capita) que em todas as outras regiões do país, à excepção de Lisboa. E, pronto, o assunto estaria encerrado! A população compreendia e a oposição amoxava. Enfim...
Sem comentários:
Enviar um comentário