21 janeiro 2010

da vã glória de mandar

Se subsistissem ainda dúvidas sobre os procedimentos “democráticos” na vida interna dos nossos partidos políticos, elas derrocariam com esta iniciativa de algumas das mais poderosas distritais do PSD que surge para evitar a realização do congresso extraordinário proposto por Pedro Santana Lopes. Não que os congressos partidários sejam fóruns de transparência democrática absoluta, mas obrigam, pelo menos, a alguma exposição pública e mediática, a mais trabalho de cacicagem e a uma certa parcimónia de métodos. O que está aqui em causa não é a urgência reclamada de eleger um novo líder, que, quando muito, o congresso adiaria por alguns poucos dias, mas o receio que os donos do aparelho têm de ver fugir um processo esconso que controlam e cujos resultados têm já por adquiridos, com o eventual surgimento em congresso de um candidato (Marcelo Rebelo de Sousa?) que esteja fora do seu baralho e lhes possa estragar as contas. No meio disto, não deixa de ser irónica a circunstância de ter sido Pedro Santana Lopes o principal responsável pela eleição directa dos líderes do PSD, agora praticamente impedido de promover um congresso para o qual reuniu as necessárias subscrições exigidas pelos estatutos. Em política, como em tudo na vida, a glória é sempre vã e passageira. Pedro Passos Coelho que pense nisso.

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