09 dezembro 2009

crónica com dor

Na sua crónica sem dor, Rui Tavares apresenta a primeira análise cândida da política do aquecimento global que me foi dado ler, em Portugal.
O argumento de RT é cristalino e merece reflexão. As escolhas políticas têm de ser feitas em situações de conhecimento imperfeito. Especialmente quando existem elevados riscos, mesmo que de probabilidade reduzida.
Se o aquecimento global for verdadeiro teremos agido correctamente. Se não existir, nada se fica a perder e ainda nos sobra uma economia melhor.
Ora aqui é que a porca torce o rabo. Os recursos de que dispomos são limitados e temos a obrigação de os investir da melhor maneira possível. O argumento de RT esquece completamente os custos de oportunidade das políticas ambientalistas que estão a ser discutidas em Copenhaga.
Se desviarmos 1 trilião de dólares para o ambiente, teremos menos recursos para a educação, para a saúde, para a solidariedade, para novas tecnologias, para o lazer, enfim, para “crescermos e nos reproduzirmos” que é a nossa finalidade última na Terra.
O crescimento económico poderá ficar comprometido, o desemprego poderá aumentar e poderão agravar-se os desequilíbrios geoestratégicos existentes. Por último, a concertação de esforços num objectivo único tem sempre menos qualidade do que a variedade que emerge espontaneamente dos investimentos individuais.
Se o perigo do aquecimento global fosse iminente, teríamos de actuar já. Mas esse perigo não é iminente. A temperatura da Terra nunca ultrapassou as variações normais que têm ocorrido ao longo de milhões de anos. Os níveis de CO2 são cerca de 1/10 do que já foram no passado e o contributo humano para a concentração de CO2 na atmosfera é inferior a 0,01% do total.
Temos portanto a obrigação de “arrefecer” o assunto, antes de nos comprometermos com políticas que irão alterar completamente o nosso modo de vida.

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