28 setembro 2009

quem vai liderar a direita?

A grande questão que a noite eleitoral não respondeu é quem irá liderar a direita a partir de hoje? Se o CDS for para o governo, deixará inevitavelmente esse espaço ao PSD. Se resistir a essa tentação - o que não lhe será fácil - Paulo Portas e o seu partido poderão aspirar a esse estatuto. As contas são simples de fazer: o PSD, como partido, não existe. Ao longo da sua história, apenas em dois momento se mostrou relativamente unido: com Sá Carneiro e com Cavaco Silva. Fora isso, o PSD é uma agremiação de bandos, com chefes próprios e pessoal que não se mistura. As várias minorias étnicas, quando não estão no poder, digladiam-se até despojarem o líder em exercício. Em contrapartida, o CDS tem dono e fala a uma voz só. Os portugueses, sobretudo os portugueses da direita, apreciam isso. E disseram-no esta noite.

Os resultados de hoje deixaram, pois, duas tendências muito claras: que o eleitorado não confia no PSD, por um lado, e que começa a confiar no CDS, por outro. Se o CDS deixar José Sócrates em minoria no governo, eventualmente encostado à sua esquerda, o que só beneficiaria a separação das águas, e o PSD continuar como tem estado desde o fim do cavaquismo, o que é inevitável se não tiver o exclusivo da oposição à direita, Paulo Portas pode aspirar à ucdização do PSD.

Resta, obviamente, ao PSD, a ilusão sebastianista. Um líder que venha do nada, repetindo a lenda da rodagem do citroen de Cavaco à Figueira da Foz, para voltar a unir e a relançar o partido. Só que o estado de balcanização atingido pelos laranjas torna muito improvável essa hipótese. Acresce que nenhum líder se faz por geração espontânea (Cavaco esteve anos à espera da sua vez...), e que o único líder que sobra à direita, ao fim de todos estes anos de governos do Partido Socialista, é, de facto, Paulo Portas. O futuro da direita está, desde hoje, como nunca esteve, nas suas mãos. Veremos o destino que ele lhe dará.

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