Parece que, para se credibilizar como candidata à chefia do governo, Manuela Ferreira Leite tem de fazer, agora, o que, antes, nunca nenhum outro líder do PSD, nem sequer Cavaco Silva, fez: romper com Alberto João Jardim, renegá-lo, expulsá-lo do PSD e remetê-lo para o índex da ONU da violação dos direitos humanos. Acontece, porém, que a dita asfixia democrática existente na Madeira, que obrigaria a líder do PSD a essas atitudes, tem a possibilidade de ser julgada e expurgada pelas suas “vítimas”, pelo menos, de quatro em quatro anos. Ora, o que sucede, de há trinta anos para cá, é precisamente o inverso: os algozes desse martirizado povo continuam a ter votações expressivas, que lhes dão vitórias esmagadoras. E não consta que, ao contrário do que sucede com Chávez, os opositores sejam espancados e presos, os partidos e as estações televisivas proibidas e fechadas, e as leis constitucionais vergadas às conveniências do ditador. Por outro lado, a presunção de que o eleitorado é incapaz de avaliar os seus interesses e defender os seus direitos de cidadania, subjacente na crítica aos cidadãos eleitores da ilha da Madeira incapazes - pobres néscios! - de se verem livres de Alberto João Jardim, não deixa de ser uma velha reminiscência daquele antigo adágio salazarista de que o povo português não está preparado para a democracia. As eleições de 27 de Setembro serão, de resto, um bom teste para avaliar o juízo dos eleitores sobre o estado das suas liberdades no Continente. E ao fim de quatro anos e não de trinta. Veremos o que eles dirão.
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