17 setembro 2009

dez erros de josé sócrates*


1. Apresentou-se aos portugueses com um programa vago, impreciso e tardio.

2. Suprimiu das listas eleitorais vários militantes destacados que se opuseram a ele no congresso do PS, nomeadamente os apoiantes de Manuel Alegre, o segundo mais votado nessa reunião magna do partido.

3. **

4. Em vez de alargar o discurso ao centro-direita, como fizeram Mário Soares em 1983 e António Guterres em 1995, enquistou-o à esquerda, dando assim a imagem do PS como um partido da esquerda ultrapassada.

5. Prejudicou o diálogo pós-eleitoral com o BE, eventual futuro parceiro de coligação, ao tentar incluir na lista de Lisboa Joana Amaral Dias, que há poucos meses entrara em conflito com Francisco Louçã no Bloco.

6. Revelou uma preocupante falta de autoridade política ao ser confrontado com as críticas de Manuel Alegre ao longo da legislatura, que apesar de encabeçar a lista de deputados do PS por Coimbra não votou em Mário Soares, o candidato oficial do partido às presidenciais.

7. Deixou consolidar a ideia, verdadeira ou falsa, de que é comandado politicamente no assunto do TGV pelo Presidente do Governo Espanhol, Rodrigues Zapatero, seu amigo de longa data e de quem é colega na Internacional Socialista.

8. Geriu com uma inacreditável falta de tacto político as relações com Hugo Chávez, com quem se passeou, em momentos vários do seu governo, numa viatura oficial e validou os comportamentos autocráticos do líder venezuelano, desqualificando assim os esforços da comunidade internacional para contestar a 'asfixia democrática' naquele país.

9. Apresentou-se muito mal preparado nos debates televisivos, dando sempre a ideia que nem se deu ao trabalho de ler as propostas eleitorais dos outros partidos e mostrando-se impreciso sobre o próprio programa eleitoral do PS (na avaliação dos professores, por exemplo).

10. Confundiu, à saida de um desses debates, todos os seus actuais ministros, anunciando que nenhum deles fará parte do seu próximo governo, tendo depois voltado atrás, desdizendo-se, e prejudicando assim um dos seus melhores trunfos eleitorais - a capacidade de decisão política.

* Com a devida vénia ao Pedro Correia e um pedido de desculpas pelo plágio.

** Em matéria de justiça, o Estado de Direito presume a inocência dos cidadãos até sentença condenatória transitada em julgado. Mesmo - e, até, sobretudo - a inocência dos políticos, convicção nem sempre fácil de manter. De todo em todo, para quem queira ir por aí, em matéria de casos de justiça, Manuela Ferreira Leite era capaz de não sair prejudicada com uma comparação com José Sócrates.

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