12 agosto 2009

pode dormir descansada

Imaginemos que a direita se comportou decentemente durante estes quatro últimos anos. Que os partidos que a representam tudo fizeram para merecer a confiança e o voto do eleitorado. Que não houve líderes lançados pela janela, mandatos interrompidos ao som do insulto, traições e facadas pessoais em catadupa, e que quem hoje nos pede o voto se comportou de forma civilizada e consentânea com o que deve ser a atitude dos responsáveis por partidos ordeiros, burgueses e conservadores. Imaginemos que, ao longo destes penosos quatro anos de poder socialista, a direita se preparou para lhe suceder e governar Portugal. Que utilizou o muito tempo de que dispôs para se repensar e, em certa medida, se refundar, como prometera após a derrocada eleitoral. Que se abriu à sociedade e aproveitou os (poucos) talentos que dela conseguiram emergir nas empresas, nas universidades, no mundo do trabalho em geral. Que foi capaz de incluir mais valias pessoais nas suas fileiras, conseguindo ultrapassar as limitações costumeiras do aparelhismo partidário, incluindo em vez de excluir. Que conseguiu apresentar ao País um modelo de governo alternativo ao Estado Social e socialista, que nos tem desgraçado na III República. Que sobe escolher líderes credíveis para o seu projecto nacional. Que foi clara no que nos querer oferecer, não se tendo deixado ficar por uma alternativa meramente negativa de substituição de quem lá está, sem mais. Que apresentou um programa de governo sério, consistente, amadurecido e reflectido, e não meia dúzia de tópicos alinhavados à pressa. Que compôs listas de candidatos à Assembleia que representam o país real e não apenas os interesses mesquinhos das secções de bairro e dos seus caciques. Ou alguns interesses maiores e menos confessáveis, daqueles que sempre conseguem medrar nas teias da política portuguesa, seja qual for o poder em exercício. Que foi séria nas intenções, nos propósitos, nos protagonistas escolhidos e na franqueza e clareza com que de tudo tratou.

Sendo assim, como parece que é, a direita não tem que temer o próximo dia 27 de Setembro. O eleitorado não é estúpido e saberá discernir entre ela, o seu esforço denodado, a sua honradez de propósitos e o talento das suas gentes, e aquele que foi um dos governos mais fustigado por escândalos políticos e pessoais, e mais nocivo às liberdades individuais de que há memória neste regime. Liberdades que, de resto, a direita já se terá proposto restaurar.

O eleitorado não é estúpido. O eleitorado nunca é estúpido, convém ter isso bem presente, quando se anda na política. E tudo isto saberá reconhecer no próximo dia 27 de Setembro. A direita pode pois dormir descansada. E, no dia 27 de Setembro havemos de lhes agradecer, a ela e aos seus protagonistas dos últimos quatro anos, pelo esforço que fizeram para remover o Eng.º Sócrates do poder.

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