A crise económica está a agravar-se, em face do desemprego crescente. Escreve hoje o Herald Tribune que a Espanha, onde a taxa de desemprego já vai em 20% e onde se espera uma contracção do PIB de 4%, está a braços com um novo tipo de criminalidade: aquela que não é praticada por criminosos reincidentes nem por imigrantes ilegais. Mas, afinal, quem são estes novos criminosos? São pessoas de nacionalidade espanhola, sem cadastro, mas que em situação de desespero começam a recorrer ao crime. E quem são as principais vítimas? São os bancos! E, também, as joalharias. Enfim, parecido com o que se passa em Portugal - excepto no retrato socio económico do assaltante. De acordo com os dados oficiais da polícia espanhola, em 2009, os assaltos a bancos aumentaram 20% face ao ano anterior. Ao mesmo tempo, a sofisticação do crime aumentou, dado que este ano apenas metade dos assaltos resultaram em detenções - ao contrário de 2007 e 2008 em que a polícia resolveu 87% e 72% dos casos, respectivamente.
Quanto à notícia do Herald Tribune, relata-nos um caso particularmente original e revelador da situação económica que se vive, diria eu, um pouco por todo o mundo - Portugal incluído. Então, ao que parece, em Fevereiro passado, a polícia espanhola deteve um assaltante que, em poucos meses, tinha executado cinco assaltos a bancos no nordeste de Espanha. O detido é um empresário da construção civil cujo negócio acabara de entrar em insolvência e que, num laivo de desespero, começou a assaltar bancos para pagar dívidas. Dizem os inspectores que os proveitos do primeiro assalto - cerca de 50 mil euros - foram para pagar salários em atraso aos seus colaboradores. E que os restantes serviram para pagar a fornecedores e, também, despesas familiares, incluindo os estudos da sua filha a estudar em Londres! No total terá roubado pouco mais de cem mil euros. Apenas assaltava agências com um máximo de 2 funcionários, quase sempre mulheres, sem usar de grande violência física. E actuava bem disfarçado, chegando ao detalhe de colocar fita adesiva nos dedos para despiste de impressões digitais! Ou seja, gente normal, de classe média e alta, em geral não mal intencionada, mas em desespero financeiro. Isto acontece em Espanha. Contudo, em Portugal também não hão-de faltar casos destes. Infelizmente.
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