Um serviço de saúde geral, universal e tendencialmente gratuito está condenado a ser deficitário, se estiver focado na eficiência e na produção. É muito importante termos este dado presente em qualquer reforma.
O aumento da eficácia e da produtividade apenas liberta recursos para tratar mais doentes, numa espiral de consumo e de custos que se torna incontrolável. Uma mini-sondagem que aqui efectuei revelou que 50% dos nossos leitores compreendem este fenómeno.
Gostaria agora de demonstrar este facto através do número de intervenções às cataratas que se efectuam actualmente em Portugal. Depois do escândalo das deslocações a Cuba, o governo, em 2006-7, decidiu aumentar os recursos para este procedimento. De imediato, o número de intervenções às cataratas aumentou 50%. Eis os números, apresentados pelo presidente da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia:
2006 – 73.743
2007 – 81.935
2008 -107.800
Em 2008 operaram-se mais 30.000 doentes do que em 2006. É obra! Agora, se compararmos o ratio actual de intervenções efectuadas em Portugal com o mesmo índice da Bélgica, da Holanda ou da Áustria, verificamos que operamos actualmente muito mais doentes do que esses países.
Continuamos, contudo, com lista de espera e, em Santarém, o presidente da Câmara continua a pagar deslocações a Cuba.
Qualquer aumento de eficácia e de produtividade, no SNS, será imediatamente aproveitado para tratar mais e mais “doentes” até o sistema estourar.
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