Há muito tempo que não comento a situação do BPP. Contudo, neste momento, parece-me oportuno fazer duas observações e uma proposta.
Primeiro, revelar a minha surpresa pelo facto de ainda ninguém, na Justiça ou nas entidades de supervisão, se ter pronunciado acerca dos contratos de gestão que os então responsáveis pelo banco estabeleceram com os seus clientes. Porque é aqui que reside o busílis da questão, tendo em vista o apuramento de eventuais responsabilidades individuais.
Segundo, em face da situação económica do banco, a separação do património dos clientes da sua estrutura interna é absolutamente crucial. Só assim se poderá salvar o que resta e trabalhar numa solução que permita recuperar parte das menos valias acumuladas. Nesse sentido, a criação do Fundo Especial de Investimento (FEI), proposto por Adão da Fonseca e previsto na solução patrocinada pelas Finanças é uma boa ideia. Infelizmente, apenas em teoria. É que um FEI é composto por unidades de participação com um valor mínimo por unidade. Ora, acontece que no caso do património dos clientes BPP a disparidade de patrimónios individuais é elevada, ou seja, há clientes com contas grandes e outros com contas muito mais pequenas. Assim, tecnicamente, não é possível adjudicar UP's do FEI a cada cliente com o devido rigor.
Em suma, a única solução que, tecnicamente, resolverá esta delicada questão é repartir o volume global de activos, entre os clientes afectados, em função da proporção individualmente detida por cada cliente naquele grande bolo. Ou seja, através de um Hedge Fund, constituído em benefício dos clientes e gerido por uma entidade externa.
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