Descobri porque é que o mundo está em cacos. É por causa de mim e de outros como eu, “economistas de pé descalço” formados nas escolas de MBA’s. Sim, os mesmos que são responsáveis pela crise financeira global, pela falência da GM e, até, pelo aquecimento global.
Não tendo passado anos a fio mergulhados nos canhenhos da “dismal science”, os MBA’s aprenderam umas coisitas, mas julgam que dominam a pantera. Graças a Deus que ainda há pessoas com educação formal em ciência económica para nos meterem na ordem. Eis um exemplo, tirado do jornal i de hoje, mais precisamente de um artigo de Ricardo Reis, um professor de economia de uma universidade da Colômbia , que prima pelo rigor clássico do seu homónimo heterónimo.
Quando o Estado compra um terreno, não cria riqueza. Limita-se a transferir dinheiro (1) de todos os contribuintes para alguns contribuintes, donos dos terrenos em causa. Para além disso, porque estes proprietários provavelmente não são as pessoas mais remediadas, muitos irão poupar o dinheiro que recebem, sem qualquer estímulo para a actividade económica.
No meu tacanho entendimento, a poupança permite ao sistema financeiro conceder o crédito necessário ao investimento e, portanto, é um instrumento fundamental para estimular a actividade económica. Especialmente agora, que os bancos estão com dificuldades e necessitam dessa poupança.
Por outro lado, se os recursos do Estado fossem redistribuídos à populaça iriam estimular a economia? Com certeza, numa economia aberta como a nossa (eu diria escancarada), esses recursos iriam estimular a economia de todos os países com que mantemos um défice comercial e, digo, eu, talvez sobrasse alguma coisa para nós. Os multiplicadores já não são o que eram...
A minha interpretação parece senso comum, mas senso comum e economia, por vezes, parecem conceitos contraditórios.
(1) Uma compra é uma troca de recursos e não uma transferência de recursos. E também é irrelevante se o vendedor é ou não contribuinte.
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