O Dr. João Cordeiro, presidente da Associação Nacional das Farmácias (ANF), publica hoje no Público um artigo muito interessante, no qual ataca os interesses da indústria farmacêutica que, como se sabe, tem revelado a sua oposição à entrada de novos medicamentos genéricos no mercado português.
Escreve o Dr. Cordeiro que "A indústria farmacêutica é uma das actividades económicas mais concentradas a nível mundial. (...) Em Portugal, a situação é idêntica. As mesmas empresas controlam directa ou indirectamente mais de 50 por cento do mercado nacional (...) Assim se compreende que a indústria farmacêutica, no nosso país, se aproprie de 75 por cento do preço do medicamento, que é a margem mais elevada nos países da União Europeia."
As palavras do Presidente da ANF têm de ser devidamente interpretadas. Por um lado, estes dados, vindos de quem vêm, merecem-nos toda a credibilidade - não é isso que está em causa - e são esmagadores e relativamente indevidos. Por outro lado, o Dr. Cordeiro é reconhecidamente um dos mais eficazes e hábeis estrategas empresariais em Portugal, por isso, há que pensar por que motivo estará ele agora tão preocupado com as vantagens dos genéricos. É essa declaração de interesses, da ANF nos genéricos, que importa clarificar. Caso contrário, poderemos muito bem estar a trocar um monopólio por outro rigorosamente igual.
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