Na opinião de Lawrence Harrison, que tenho vindo a citar, um dos factores principais do atraso relativo da América Latina, e das suas dificuldades com a democracia, é a filosofia de educação que os países latino-americanos herdaram da Península Ibérica. Referindo-se ao universo cultural de países de tradição ibérica, ele cita vários autores que ficaram perplexos ao observar que nestes países, as crianças, especialmente os rapazes, são educados como meninos-mimados e é como meninos-mimados que eles se comportam pela vida fora.
Citando Diaz-Plaza sobre Espanha: "o espanhol comporta-se como uma criança ... como uma criança, ele é um egoísta; como uma criança, ele é orgulhoso; como uma criança, ele quer sempre aquilo que quer. E como uma criança, ele gosta de ser o centro das atenções".
Citando David Landy sobre Puerto Rico: "a maneira como os rapazes são educados resulta em adultos imaturos e inseguros".
Citando Malcolm T. Walker sobre a República Dominicana: " ... é surpreendente como ... os homens são emocionalmente imaturos e esta imaturidade resulta da forma como os rapazes são educados ... os rapazes ... são tratados com extrema indulgência".
Finalmente, citando Edward Bansfield sobre Montegranesi (Itália, antiga colónia espanhola): "a indulgência dos pais para com os filhos e a permissividade para os deixar ser egoístas e irresponsáveis (leva a que) os homens actuem como crianças porque foram educados como crianças". (L. Harrison, Who Prospers, op. cit., p. 56)
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Não é difícil concluir que o liberalismo de cariz anglo-saxónico, que está assente na prossecucação do interesse próprio responsável, não resulta em Portugal, em Espanha, ou em qualquer dos países seus descendentes na América Latina. Ele conduz à situação em que fica uma casa de família, cheia de meninos-mimados, quando os pais estão ausentes - a desordem e o caos.
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