18 maio 2009

Segredo


Escreve hoje o DE que "o segredo do FC Porto é escolher os melhores e dar-lhes cobertura" . Independentemente dessa máxima também se aplicar ao futebol, penso que é no mundo empresarial que esta assume maior relevo. E é a razão pela qual a maioria das empresas portuguesas fica muito aquém do seu verdadeiro potencial. É que, em Portugal, essa cultura de mérito tem ainda poucas raízes. Assim, apesar de todos os defeitos que a gestão de Pinto da Costa possa apresentar, nomeadamente o passivo e os salários de luxo dos administradores, a verdade é que se trata de uma equipa ganhadora - em Portugal e no estrangeiro (convém não esquecer). Pior seria se ao passivo e aos salários de luxo, Pinto da Costa lhes juntasse o insucesso desportivo, como acontece, por exemplo, no Benfica de Luís Filipe Vieira.

Do futebol para as empresas, o maior defeito que encontramos em Portugal, provavelmente, devido à matriz familiar do nosso tecido empresarial, é a má relação que os empresários têm com os números. E, especialmente, a má relação que, a prazo, os empresários desenvolvem com os colaboradores que mais contribuem para esses números, em particular naquelas empresas onde o patrão está a leste da actividade operacional. Sobretudo, se esses colaboradores tiverem a franqueza (recorde-se, a qualidade mais valorizada pelo maior guru da gestão, Jack Welch) de questionar os patrões acerca deste ou daquele projecto. Nestas circunstâncias, a meritocracia é uma ilusão. Todos são dispensáveis - excepto o patrão! Porém, sendo certo que não existe ninguém insubstituível, a verdade é que alguns são menos dispensáveis que outros. É o caso da equipa de Pinto da Costa.

Sem comentários: