20 maio 2009

não convém


Em relação à dúvida levantada pelo Joaquim aqui acerca do meu pensamento a propósito dos portugueses. Julgo que somos extremamente permissivos nos actos e extremamente intolerantes na palavra.

A liberdade de acção verifica-se sobretudo na esfera privada. A intolerância sobre o pensamento e a palavra verifica-se sobretudo na esfera pública. Portugal é, portanto um país, onde existe uma grande dissonância entre aquilo que se diz em público e aquilo que se faz em privado.
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Como regra geral, não convém acreditar muito num português quando ele fala em público. Ou está a rezar orações que todos conhecem ou está a pregar princípios que não tem a mínima intenção de cumprir. O português é um pregador ou missionário que não leva muito a sério as suas próprias pregações.
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Em público, o português ou é um chato ou está a armar. Nunca fala de si em público, acerca dos seus sentimentos, das suas emoções, da sua consciência - e não o faz por medo. Em privado, a sua permissividade e imaginação (incluindo a capacidade para o desenrascanço), e o seu espíritop de liberdade, tornam-no frequentemente um tipo interessante.
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A blogosfera, que é um meio público, é ainda um excelente laboratório a este respeito. O número de comentadores interessantes que aparecem por aqui contam-se pelos dedos de uma mão. A maior parte são uns chatos inconcebíveis.

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