Carlos Santos sugeriu-me, aqui, que me pronunciasse sobre a crise económica e financeira actual, e enxertasse nela a metodologia da Escola Austríaca. Propôs-me, ainda, que lesse este texto seu, que reproduz aquilo que Carlos Santos pensa sobre o assunto. Não tenho, por ora, disponibilidade para uma análise tão profunda quanto a que Carlos Santos produziu, mas não deixarei de tentar alguns comentários.
Eu creio que a análise de Carlos Santos, em abono da verdade partilhada pela esmagadora maioria das pessoas, parte de um pressuposto errado: o da desregulamentação do mercado financeiro das últimas décadas, vítima das malfadadas ideias liberais ou neoliberais. Não julgo que isso seja verdade. Como não encontro, também, nas análises de Carlos Santos ou na de quaisquer outros economistas avessos ao capitalismo, alternativas à economia de mercado, mas apenas e só críticas à economia de mercado.
Supondo que esta crise em que nos encontramos foi uma crise do capitalismo e da desregulamentação, o que, em minha opinião, está bem longe da realidade (isso equivaleria, entre outras coisas, à convicção insustentável de que o mundo tem sido governado, nas últimas décadas, por estados mínimos não intervencionistas), ainda assim isso não questionaria a natureza do capitalismo, que na sua explicação dos ciclos económicos prevê e mais do que admite os momentos de crise (a tal “destruição criativa” de Schumpeter, de que Carlos Santos fala no seu post). Fosse a Economia uma ciência exacta, que, tratada por keynesianos ou tratada por austríacos, as crises económicas nunca teriam lugar. De resto, em boa medida é isso mesmo que os keynesianos prometem, ao pretenderem corrigir as “deficiências” do mercado com políticas correctivas do seu funcionamento e ao desejarem estimular e incrementar a economia com medidas e planos governamentais. Os resultados nos países onde se aplicam estão longe de ser brilhantes, como todos admitiremos sem dificuldade. Mas é nos caminhos para a saída da crise que se acentuam as grandes diferenças: os keynesianos querem ainda mais estado, para além do que aquele que as sociedades ocidentais já têm de suportar; os austríacos pretendem que seja o mercado a recompor-se, com perdas e danos inevitáveis, mas certamente com um ajustamento mais realista dos agentes do mercado do que as ficções keynesianas. Veremos, aliás, a prazo, quantas destas empresas subvencionadas agora pelos estados, neste momento de crise, se manterão no mercado e em que condições, caso se consigam manter.
Por fim, como não sou economista e não disponho, por ora, de mais tempo para aprofundar as razões e as eventuais consequências da crise, sugeria ao Carlos Santos e a todos os leitores, a leitura atenta de alguns artigos deste magnífico economista brasileiro (para não termos de recorrer sempre às eminências portuguesas), Maílson da Nóbrega, cujas palavras, tivesse eu talento e ciência para tanto, faria minhas:
Crise: como chegamos a este ponto?A crise, a esquerda e o neoliberalismo.A regulação chegou? Ou nunca foi embota?
Sistema financeiro: por que salvar; como não regular.
Eu creio que a análise de Carlos Santos, em abono da verdade partilhada pela esmagadora maioria das pessoas, parte de um pressuposto errado: o da desregulamentação do mercado financeiro das últimas décadas, vítima das malfadadas ideias liberais ou neoliberais. Não julgo que isso seja verdade. Como não encontro, também, nas análises de Carlos Santos ou na de quaisquer outros economistas avessos ao capitalismo, alternativas à economia de mercado, mas apenas e só críticas à economia de mercado.
Supondo que esta crise em que nos encontramos foi uma crise do capitalismo e da desregulamentação, o que, em minha opinião, está bem longe da realidade (isso equivaleria, entre outras coisas, à convicção insustentável de que o mundo tem sido governado, nas últimas décadas, por estados mínimos não intervencionistas), ainda assim isso não questionaria a natureza do capitalismo, que na sua explicação dos ciclos económicos prevê e mais do que admite os momentos de crise (a tal “destruição criativa” de Schumpeter, de que Carlos Santos fala no seu post). Fosse a Economia uma ciência exacta, que, tratada por keynesianos ou tratada por austríacos, as crises económicas nunca teriam lugar. De resto, em boa medida é isso mesmo que os keynesianos prometem, ao pretenderem corrigir as “deficiências” do mercado com políticas correctivas do seu funcionamento e ao desejarem estimular e incrementar a economia com medidas e planos governamentais. Os resultados nos países onde se aplicam estão longe de ser brilhantes, como todos admitiremos sem dificuldade. Mas é nos caminhos para a saída da crise que se acentuam as grandes diferenças: os keynesianos querem ainda mais estado, para além do que aquele que as sociedades ocidentais já têm de suportar; os austríacos pretendem que seja o mercado a recompor-se, com perdas e danos inevitáveis, mas certamente com um ajustamento mais realista dos agentes do mercado do que as ficções keynesianas. Veremos, aliás, a prazo, quantas destas empresas subvencionadas agora pelos estados, neste momento de crise, se manterão no mercado e em que condições, caso se consigam manter.
Por fim, como não sou economista e não disponho, por ora, de mais tempo para aprofundar as razões e as eventuais consequências da crise, sugeria ao Carlos Santos e a todos os leitores, a leitura atenta de alguns artigos deste magnífico economista brasileiro (para não termos de recorrer sempre às eminências portuguesas), Maílson da Nóbrega, cujas palavras, tivesse eu talento e ciência para tanto, faria minhas:
Crise: como chegamos a este ponto?A crise, a esquerda e o neoliberalismo.A regulação chegou? Ou nunca foi embota?
Sistema financeiro: por que salvar; como não regular.
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