30 maio 2009

credulidade

Em posts anteriores explorei a possibilidade de classificarmos os indivíduos, numa sociedade, de acordo com a sua tolerância à diferença e grau de confiança que têm uns nos outros. Daí resultou esta minha tabela.
Todas as classificações são o que são, como os comentadores imediatamente sublinharam, e esta não poderia escapar à regra, tanto mais que está muito longe das ciência concretas, sendo que, até nestas as classificações são problemáticas.
Contudo, tem tanto valor como classificarmos os indivíduos, numa sociedade, de acordo com as suas preferências políticas, esquerda ou direita, por exemplo, ou qualquer outra divisão, necessariamente artificial.
Se nos prepararmos para passar férias no Dubai, sabendo que se trata de uma sociedade com muitos intolerantes, talvez possamos evitar enfiar a língua pelas goelas abaixo da namorada, em público, ou pedir-lhe para tirar o bikini na praia, de modo a deixar vesgos os indígenas. Como o castigo para este tipo de comportamentos vai de 100 chicotadas nas costas até regressar a casa com os guizos num frasco de formol, o melhor será “não confiar”.
Em nenhuma sociedade intolerante de desenvolve um elevado grau de confiança (trust), especialmente em relação a tudo o que é diferente. Daí que, numa sociedade com muitos bárbaros o desenvolvimento económico é sempre limitado.
A credulidade está intimamente ligada à tolerância. Uma sociedade muito crédula é sempre intolerante com os incrédulos. Os decadentes, por seu lado, são muito tolerantes porque não acreditam em nada, são niilistas.
As pessoas civilizadas, penso eu, acreditam em certos princípios, mas estão sempre dispostas a conceder o benefício da dúvida. É por isso que as sociedades civilizadas podem ser muito mais caleidoscópicas e criativas.

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