10 março 2009

Capadinhos da Silva


A entrevista que Medina Carreira concedeu ontem ao jornalista Mário Crespo vai de encontro ao que muitos portugueses pensam acerca do estado actual da nossa democracia indirecta. Neste rumo, o país não tem futuro. Está desgovernado, ou melhor, está ingovernável. Portanto, como é que cidadãos como o Medina Carreira, o Ricardo Arroja ou o Mário Crespo, manifestamente indignados, podem ajudar na mudança de rumo? Ainda não sei. Mas estou em meditação!

Ontem à noite, Medina Carreira falou em "endividamento" (48 milhões de euros por dia), "trafulhice eleitoral" (programas políticos que depois são alterados e violados sem ratificação popular), "preenchimento de cargos políticos" (sinal de que a política deixou de ser uma missão e passou a ser um emprego), entre outras características do regime actual. A seguir acrescentou a necessidade de reformas de fundo, sobretudo em duas áreas: na "Educação" (cultura de exigência curricular, em particular na avaliação dos estudantes e dos professores) e na "Justiça" (acabar com a morosidade dos processos judiciais). E concluiu com uma sugestão para pôr isto na ordem: "Presidencialismo democrático", a mesma solução que eu próprio aqui recomendei.

Olhando para trás na história de Portugal, a última revolução social aconteceu no 25 de Abril. Até hoje, ainda não percebi se o golpe de Estado foi motivado pelos capitães milicianos, na sua ânsia de regressar do Ultramar, ou se foi provocado pela sociedade civil, na sua luta contra a ditadura em favor da democracia. Aquilo que sei é que tanto uns como outros, cada qual à sua maneira, lutaram por ideais, em particular a ideia de que o dia de amanhã pode, e deve, ser melhor que o dia de hoje. É precisamente esta noção de idealismo que está desaparecida em combate, no panorama actual da sociedade portuguesa. Infelizmente, nós portugueses anónimos, estamos capados!

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