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Estas medidas, que repugnariam a qualquer verdadeiro liberal, já que questionavam a propriedade legítima e a liberdade de organização, foram a marca do “liberalismo” português. Elas ofenderam uma instituição tradicional portuguesa e puseram em causa costumes e práticas ancestrais. Em suma, a ordenação espontânea e secular da sociedade portuguesa. Isto, que nada tem a ver com o liberalismo clássico, marcou a doutrina liberal durante décadas e afastou-a do seu espaço político natural, que deveria ser a direita. As consequências são conhecidas: o “liberalismo” português empurrou a direita, durante quarenta anos, para os braços do Doutor António de Oliveira Salazar, e deixou-a aos cuidados da esquerda social-democrata, concretamente do Dr. Mário Soares, a seguir ao 25 de Abril. Aliás, este último, muito inteligentemente, teve o cuidado de não repetir os erros da República e lidou sempre muito bem com a Igreja Católica. Só é pena que tenham sido os socialistas e não os liberais, a aprender a lição.
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