Enquanto escrevia este post, lembrei-me de uma esquizotomia significativa da cultura portuguesa. Relativamente às empresas privadas, cotadas na bolsa, os portugueses têm dúvidas sistemáticas sobre a idoneidade dos seus gestores.
Acusam-nos de actuarem em interesse próprio, de auferirem vencimentos escandalosos, de maltratarem os funcionários, enfim.. a maior parte deveria estar na cadeia, suponho.
Contudo, os portugueses não manifestam estas reservas relativamente aos vastos interesses geridos pelo Estado. Os agentes do Estado preservaram uma aura de integridade, aos olhos da opinião pública, que não se compara à imagem degradada dos gestores privados.
Claro que há queixas de corrupção política e de desleixo na gestão da coisa pública, mas, no meu ponto de vista, nada que se compare à desconfiança que paira sobre o sector privado. Porque será?
Uma pequena confirmação desta análise é a algazarra que sempre se gera quando se pretende privatizar qualquer empresa, quando se fala do ensino privado ou da saúde privada, etc. O público é que é bom!
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