Uma das características mais marcantes da cultura dos ingleses é o facto de eles fazerem tudo para parecerem bem em público - e tudo inclui também omitir, manipular, distorcer e, se necessário, mentir. Por isso, quem conhece a Inglaterra no seu aspecto exterior, mas não na sua cultura íntima, não deixa de ficar impressionado pela civilidade da sua vida pública.
Pelo contrário, os portugueses possuem uma cultura que se compraz em fazerem-se parecer mal uns aos outros em público. Por isso, quando estes dois países entram em contacto, os portugueses não podem sentir senão apreço pela Inglaterra, e os ingleses um desprezo mal disfarçado por Portugal.
A dimensão deste contraste altera-se, e a comparação fica mais equilibrada, quando se considera a esfera privada das duas culturas (família, relações pessoais, etc. - até as relações íntimas). Aí, a qualidade da cultura portuguesa é muito superior à inglesa. Tudo se passa, então, como se os portugueses preferissem lavar a roupa suja em público, deixando a roupa limpa, toda engomadinha, em casa; ao passo que os ingleses deixam a roupa suja toda em casa, e só trazem a público a roupa limpa.
A dimensão deste contraste altera-se, e a comparação fica mais equilibrada, quando se considera a esfera privada das duas culturas (família, relações pessoais, etc. - até as relações íntimas). Aí, a qualidade da cultura portuguesa é muito superior à inglesa. Tudo se passa, então, como se os portugueses preferissem lavar a roupa suja em público, deixando a roupa limpa, toda engomadinha, em casa; ao passo que os ingleses deixam a roupa suja toda em casa, e só trazem a público a roupa limpa.
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Tome este exemplo. É um site oficial do Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico, contendo as datas dos acontecimentos mais relevantes entre Portugal e a Grã-Bretanha. Pergunta-se: onde é que está o Ultimato Inglês de 1890, o qual levou à queda da monarquia em Portugal e lançou o país no período mais negro da sua história, durante quase 40 anos? (Veja aqui a imagem económica desse período).
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Eu estou razoavelmente convencido que, se contactar o Foreign Office e perguntar pelo Ultimato de 1890, provavelmente lhe vão responder: "Ultimatum, what do you mean? Britain is a free, democratic nation respectful of other nations' rights. There was no utimatum at all. That must be some misunderstanding by Portuguese historians." - uma resposta que o Herman José traduziria em Portugal por: "Olha ... não m'alembra...".
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(Nota. No documento do Foreign Office linkado acima, pode ver que em Setembro de 2004, o Príncipe Eduardo e a Condessa de Wessex estiveram em Alcochete na inauguração do Freeport, significando que o assunto tem alguma dimensão política em Inglaterra).
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