Um dos fenómenos políticos mais interessantes da sociedade portuguesa é a sua relação com o estado. Por um lado, as pessoas queixam-se, quase universalmente, da inépcia do estado, da ineficácia dos governantes e da incompetência dos serviços públicos. Por outro lado, quando confrontadas com soluções alternativas, quase todas dizem que é necessário mais estado e que é a este que compete resolver as ineficiências sociais que são, no fim de contas, as suas próprias ineficiências.
A quase ninguém ocorre que mais estado traria apenas e só mais problemas. Que a probabilidade do estado ter mais responsabilidades, mais poderes e maior intervenção agravaria os males já existentes e comportaria outros problemas provavelmente de maior dimensão e mais difícil solução. A demonstração é simples de fazer: quem não pode o menos, não pode o mais. Se o estado não é capaz no que já lhe está confiado (e que, em Portugal, é imenso), não poderia melhorar se acumulasse outras responsabilidades. Uma das consequências interessantes deste fenômeno, como um nosso leitor assinalou aqui há alguns dias, é que as elites dirigentes dos partidos se escusam a propor alternativa políticas que não sejam mais do mesmo: o que está mal, segundo elas, não é a configuração actual do nosso estado, mas quem o governa. Trata-se de um remix pobre do governo dos sábios de Platão. Uma utopia perigosa, em suma.
O Pedro Arroja tem, ao longo de inúmeros post, procurado nas nossas tradições culturais uma explicação para isto. Ele encontrou-a, segundo julgo, na influência do catolicismo e no culto da autoridade (que começa na imagem do Papa) a que estão habituadas as populações de forte influência católica. Eu penso que esta pode ser parte da explicação, mas não a sua totalidade.
A raiz do problema deverá ser colhida na tradição autoritária francófona, napoleónica e racionalista que, desde há muito, é dominante na nossa cultura política e social. Segundo ela, os governantes são seres de excepção, particularmente dotados de capacidades de inteligência e de cognição que lhes permitiriam substituir-se à sociedade no que a esta competiria fazer: cuidar dos indivíduos, da educação dos filhos, dos cuidados de saúde, dos planos de reforma, em suma, dos planos de vida de cada um. Nas últimas décadas, à semelhança do que ocorreu no fim do século XIX, o desenvolvimento tecnológico veio, segundo os estatistas, reforçar as potencialidades de intervenção e melhorá-las.
Esta mentalidade gerou, nos últimos cem anos, uma cultura de inoperatividade social e individual da qual o estado se aproveitou para ganhar mais poder e espaço de intervenção. Daí resultou o agravamento da pobreza congénita nacional e uma situação de medo generalizado de que o estado – o Grande Pai – nos abandone ao nosso próprio destino e nos substitua na responsabilidade individual. É contra esta cultura colectivista, estatista e desresponsabilizadora, que gera miséria e pobreza, que é necessário reagir. Só o liberalismo pode explicar como e porquê.
A quase ninguém ocorre que mais estado traria apenas e só mais problemas. Que a probabilidade do estado ter mais responsabilidades, mais poderes e maior intervenção agravaria os males já existentes e comportaria outros problemas provavelmente de maior dimensão e mais difícil solução. A demonstração é simples de fazer: quem não pode o menos, não pode o mais. Se o estado não é capaz no que já lhe está confiado (e que, em Portugal, é imenso), não poderia melhorar se acumulasse outras responsabilidades. Uma das consequências interessantes deste fenômeno, como um nosso leitor assinalou aqui há alguns dias, é que as elites dirigentes dos partidos se escusam a propor alternativa políticas que não sejam mais do mesmo: o que está mal, segundo elas, não é a configuração actual do nosso estado, mas quem o governa. Trata-se de um remix pobre do governo dos sábios de Platão. Uma utopia perigosa, em suma.
O Pedro Arroja tem, ao longo de inúmeros post, procurado nas nossas tradições culturais uma explicação para isto. Ele encontrou-a, segundo julgo, na influência do catolicismo e no culto da autoridade (que começa na imagem do Papa) a que estão habituadas as populações de forte influência católica. Eu penso que esta pode ser parte da explicação, mas não a sua totalidade.
A raiz do problema deverá ser colhida na tradição autoritária francófona, napoleónica e racionalista que, desde há muito, é dominante na nossa cultura política e social. Segundo ela, os governantes são seres de excepção, particularmente dotados de capacidades de inteligência e de cognição que lhes permitiriam substituir-se à sociedade no que a esta competiria fazer: cuidar dos indivíduos, da educação dos filhos, dos cuidados de saúde, dos planos de reforma, em suma, dos planos de vida de cada um. Nas últimas décadas, à semelhança do que ocorreu no fim do século XIX, o desenvolvimento tecnológico veio, segundo os estatistas, reforçar as potencialidades de intervenção e melhorá-las.
Esta mentalidade gerou, nos últimos cem anos, uma cultura de inoperatividade social e individual da qual o estado se aproveitou para ganhar mais poder e espaço de intervenção. Daí resultou o agravamento da pobreza congénita nacional e uma situação de medo generalizado de que o estado – o Grande Pai – nos abandone ao nosso próprio destino e nos substitua na responsabilidade individual. É contra esta cultura colectivista, estatista e desresponsabilizadora, que gera miséria e pobreza, que é necessário reagir. Só o liberalismo pode explicar como e porquê.
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