A hipótese que o Joaquim coloca aqui, de que nós não sairemos do Euro, antes aceitaremos a hipoteca da independência nacional aos nossos credores estrangeiros (acima de todos, a Alemanha), é uma hipótese que não deve ser posta de lado.
Num artigo de 1991 para o Jornal de Notícias, sob o título "Portugal e o Sistema Monetário Europeu", elaborando as consequências da nossa iminente adesão ao Sistema Monetário Europeu (SME), que conduziria à moeda única, escrevi assim:
" (...) A quarta consequência [da nossa adesão ao SME] será (...) o endividamento externo, particularmente face aos países de moeda forte, como a Alemanha.
Num artigo de 1991 para o Jornal de Notícias, sob o título "Portugal e o Sistema Monetário Europeu", elaborando as consequências da nossa iminente adesão ao Sistema Monetário Europeu (SME), que conduziria à moeda única, escrevi assim:
" (...) A quarta consequência [da nossa adesão ao SME] será (...) o endividamento externo, particularmente face aos países de moeda forte, como a Alemanha.
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Quem empresta impõe condições. Por isso, a quinta consequência será a perda gradual da nossa independência política em benefício dos países credores, dos quais o principal será a Alemanha.
Os efeitos que a união monetária da Europa terá para Portugal não serão diferentes daqueles que a união monetária entre as duas Alemanhas realizada há cerca de dois anos teve para a parte economicamente mais fraca - a Alemanha Oriental. E esses efeitos foram: falências e desemprego generalizados na Alemanha de Leste, emigração maciça dos alemães orientais para a Alemanha Ocidental, e o controlo político da Alemanha Oriental pela Alemanha Ocidental.
(...) É duvidoso, porém, que os portugueses venham a aceitar o domínio político da Alemanha, ou, para o efeito, de qualquer outra potência da CEE, com idêntica passividade e até alegria. A adesão de Portugal ao Sistema Monetário Europeu é, no entanto, o passo que conduzirá inevitavelmente a esse fim.
Portugal tornar-se-à uma espécie de Alentejo da Europa - despovoado, atrasado e periférico. A principal indústria portuguesa será o turismo, praticado por emigrantes portugueses em férias e por alemães, franceses e dinamarqueses (...). Um número crescente de portugueses trabalharão no estrangeiro, desempenhando predominantemente funções que os cidadãos desses países não desejam mais desempenhar. As decisões políticas relativas a Portugal e aos portugueses deslocar-se-ão de Lisboa para o eixo Bona-Paris. E se essas decisões desagradarem aos portugueses, os portugueses poderão certamente protestar, embora com o inconveniente de protestarem em português, quando os homens que tomam as decisões só compreenderão o alemão, o francês ou o inglês" .
(in P. Arroja, Abcissas, Porto: Areal Ed., 1993, pp. 26-27)
Os efeitos que a união monetária da Europa terá para Portugal não serão diferentes daqueles que a união monetária entre as duas Alemanhas realizada há cerca de dois anos teve para a parte economicamente mais fraca - a Alemanha Oriental. E esses efeitos foram: falências e desemprego generalizados na Alemanha de Leste, emigração maciça dos alemães orientais para a Alemanha Ocidental, e o controlo político da Alemanha Oriental pela Alemanha Ocidental.
(...) É duvidoso, porém, que os portugueses venham a aceitar o domínio político da Alemanha, ou, para o efeito, de qualquer outra potência da CEE, com idêntica passividade e até alegria. A adesão de Portugal ao Sistema Monetário Europeu é, no entanto, o passo que conduzirá inevitavelmente a esse fim.
Portugal tornar-se-à uma espécie de Alentejo da Europa - despovoado, atrasado e periférico. A principal indústria portuguesa será o turismo, praticado por emigrantes portugueses em férias e por alemães, franceses e dinamarqueses (...). Um número crescente de portugueses trabalharão no estrangeiro, desempenhando predominantemente funções que os cidadãos desses países não desejam mais desempenhar. As decisões políticas relativas a Portugal e aos portugueses deslocar-se-ão de Lisboa para o eixo Bona-Paris. E se essas decisões desagradarem aos portugueses, os portugueses poderão certamente protestar, embora com o inconveniente de protestarem em português, quando os homens que tomam as decisões só compreenderão o alemão, o francês ou o inglês" .
(in P. Arroja, Abcissas, Porto: Areal Ed., 1993, pp. 26-27)
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