20 janeiro 2009

está a morrer


O liberalismo de inspiração anglo-saxónica e protestante, aquele que teve origem na escola dos moralistas escoceses do século XVIII - como Adam Ferguson, David Hume e Adam Smith - está a morrer, sem hipóteses de ressuscitar. Curiosa e ironicamente, está a morrer na sua própria pátria e aconchegado no seio da instituição que ele mais detestava - o Estado.

Em breve, o Estado tomará conta praticamente de todos os bancos e, indirectamente, da economia. A autoridade do Estado substituirá, em boa parte, o mercado no processo de afectação dos recursos e de distribuição do rendimento na sociedade. Aquilo que está a acontecer é uma implosão de dimensões catastróficas do sistema político-económico conhecido pelo nome de democracia-liberal. Fukuyama cometeu um erro de iguais proporções ao considerar que este sistema representava o fim da história.

Ao liberalismo anglo-saxónico e protestante sucederá uma outra forma de liberalismo, também com tradições na civilização ocidental, protagonizado por autores como Lord Acton e Alexandre Herculano e que, nas palavras de um autor mais recente, difere do anterior nos termos principais seguintes:

"Quando se procura aliar o conceito de liberdade ao conceito de progresso comete-se um erro grave. A liberdade vai diminuindo à medida que o homem vai progredindo, que se vai civilizando. Desde o homem primitivo, absolutamente livre na sua floresta, ao homem de hoje, que obedece a sinais, obrigado a seguir, nas ruas duma cidade, pela direita ou pela esquerda, quanta distância percorrida, quantos progressos realizados ... Entreguemos, pois, a liberdade à autoridade, porque só ela a sabe administrar e defender. A liberdade que os individualistas pedem e reclamam é uma expressão de retórica, uma simples imagem literária. A liberdade garantida pelo Estado, condicionada pela autoridade, é a única possível, aquela que pode conduzir, não digo à felicidade do homem, mas à felicidade dos homens..."


Sem comentários: