15 dezembro 2008

o fim da História

O fim da História não é o fim da história. Quando Fukuyama se associou a outros finalistas da História, como Hegel e Marx, para declarar o fim da História fez questão de sublinhar que a história continuava. Tínhamos era chegado a um modelo final de organização social, a democracia liberal e capitalista que era insuperável.
As primeiras críticas surgiram logo da esquerda mais finalista que há para, recorrendo a exemplos concretos como o 11 de Setembro e a guerra do Iraque, afirmar, com um sorriso, que afinal a história continuava. Ora isto nunca esteve em causa.
Eu partilhei do ponto de vista do fim da História durante bastante tempo. Curiosamente Fukuyama, que trouxe esta perspectiva para actualidade, foi um dos primeiros intelectuais a demarcar-se da teoria.
Qual é a sua autocrítica? É a seguinte: Fukuyama continua a não vislumbrar qualquer alternativa à democracia liberal e capitalista (como ninguém ainda conseguiu) mas admite que se a natureza humana mudar, por exemplo: por evolução ou por manipulação genética, então poderá não ser o Fim.
Na altura desta sua subtil mudança de opinião, escrevi-lhe dizendo que “mesmo que a natureza humana mudasse nós continuaríamos a ser entes vivos, compartilhando o mesmo destino comum (Deus) e que portanto as nossas estratégias não poderiam variar ao ponto de abandonarmos a democracia liberal” (que no meu cardápio é o sistema de um voto por genótipo).
Com a paciência e a tolerância dos grandes mestres, Fukuyma respondeu-me por email, reiterando que “se a natureza humana mudar não há previsões possíveis”.
Hoje, confesso-vos que também mudei de opinião sobre o fim da História, mas não pelas razões teóricas de Fukuyama. Mudei de opinião porque acreditava que a família, como núcleo social elementar, suportava a organização política correspondente à democracia liberal e, agora, penso que a família tradicional, composta por um macho e uma fêmea que se reúnem para procriar, está a dissolver-se e que, com essa mudança, poderão emergir novas formas de organização política.
Nos próximos posts vou tentar imaginar alguns cenários futuristas sobre este assunto.

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